27 março 2005

Autarquias locais

É com muito agrado que verifico que entre as medidas elencadas no programa de Governo se encontra a limitação dos mandatos dos presidentes de Câmara. Esta é uma situação há muito discutida e, talvez por isso mesmo, há muito embrulhada em jogos políticos e em interesses pessoais que só mancham a nossa classe política.

Mais do que uma questão de não acomodação à sombra de um “emprego” estável, esta é uma medida urgente que visa um combate à corrupção autárquica e uma dignificação da classe política local. Obviamente, há uma legitimação popular em cada mandato, o que não me impede de assumir esta posição, até porque é a própria CRP que afirma, e a partir da revisão de 2004, no seu artigo 118ª, que ”ninguém pode exercer a título vitalício qualquer cargo de âmbito nacional, regional ou local”.

Independentemente desta positivação constitucional, esta é uma medida que vai ao encontro de um princípio mais amplo, que é o princípio republicano, De facto, a República tem na sua base a ideia de serviço público não vitalício, legitimado pelo povo e limitado no tempo, tendo em vista a tal ideia de transparência. É esta, na minha opinião, a grande diferença para um regime monárquico.

Um outro aspecto relevante que tem se ser urgentemente revisto é o da formação do executivo camarário. O que hoje temos é a possibilidade absurda de haver um “governo local” constituído por um Presidente de Câmara, que tem como “ministros” (vereadores) gente de outros partidos. É a mesma coisa que ter o Dr. Louçã ou o Dr. Santana Lopes como ministros do Eng.º Sócrates…

Soluções para este problema? O PSD avança com uma não solução, que é a de ficcionar uma maioria absoluta de um só partido em todos os executivos, mesmo que tal não se verifique nas urnas… Esta posição é descabida, já que o grande problema, na minha opinião, não é a possível força de bloqueio da oposição, mas o simples facto de haver decisões executivas a tomar por alguém que, obviamente, não segue a política do respectivo Presidente de Câmara!

A solução natural passa por deixar nas mãos do Presidente eleito a constituição da sua equipa, aumentando os poderes da Assembleia Municipal, que passa a deter um verdadeiro poder fiscalizador, equiparável, mutatis mutandi, ao da Assembleia da República. Daqui resultaria, como é lógico, uma maior responsabilização do executivo camarário.

Espero, portanto, que o novo Governo avance rapidamente para estas soluções, para que, de um vez por todas, haja uma maior dignidade e transparência do poder local, que, sendo um pilar da nossa democracia, é ainda visto, e com razão, como um antro de corrupção e clientelismo.

PIZUNI

23 março 2005

O Ministro Freitas do Amaral

No meu entendimento Freitas do Amaral fez campanha pelo PS mas não a troco de uma cadeira em S.Bento como teorizava SLOTMachine. Pelo menos não directamente. Apenas aceitou o cargo pois o convite vinha de um "pré-governo" com maioria absoluta e, consequentemente, estável.

A sua preocupação em realçar que os actuais dirigentes do PP lhe são inferiores a todos o níveis demonstra o síndrome do actual ministro dos negócios estrangeiros que, paradoxalmente, poderá vir a bem de Portugal!

A passagem pelo governo de direita de dirigentes do PP, como Paulo Portas, despertaram no Prof. Freitas do Amaral uma incontrolável vontade de demostrar a força e princípios de uma velha guarda assustada pelo caminho que estão a tomar os seus discípulos.

BSA

21 março 2005

Link

18 março 2005

Nos oitenta anos de Rogério Soares

http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=16&id=11363&sid=1234

CINE ELSA - Julgamento em Nuremberga




Realizou-se no passada quarta-feira dia 16 de março mais uma sessão do já habitual e indispensável CINE-ELSA, o ciclo de cinema da ELSAUMinho.

O filme foi escolhido e apresentado pelo Dr. Mário Monte, docente de Direito Penal na Universidade do Minho. Retrata com um arrepiante realismo histórico aquela que foi uma tentativa de responsabilização e de purificação dos horrores cometidos pelo regime nazi na década de 40. Conta com a memorável representação de Spencer Tracy e Burt Lancaster

09 março 2005

Fraude e Avaliação


Ainda hoje dou comigo a reflectir sobre o conteúdo da intervenção do Prof. Horster aquando da cerimónia oficial da comemoração do 10º ano da Licenciatura de Direito na Universidade do Minho, em Dezembro último.
Começou por declarar o regresso à direcção do curso o que saudamos vivamente.
Lembrou as diferenças que se registam no relacionamento professores/alunos de hoje e aquele que existiu no passado. Condescendeu ser essa a consequência do crescimento e da perda da familiaridade que então caracterizava o ambiente na Escola de Direito.
Com o pragmatismo que o caracteriza avançou com o pensamento que moldará a sua acção.
Fraude!!! – eis o problema.
Declarou que uma sociedade pode conviver com governantes corruptos, com a inépcia da Adm. Pública e até com empresários sem escrúpulos. Desde que a Justiça e toda a sua organização funcionem com princípios e valores!!!
Para que isso aconteça, os actores da Justiça terão de ser formados e enformados dentro daqueles princípios. Onde a fraude não tem lugar!
Manifestou a sua perplexidade pelo crescente número de fraudes verificadas em tempo de exames. E quer atalhar rapidamente para impedir que isso continue.
Aplaudo. Não ouvi nenhum comentário sobre o assunto entre os estudantes. Eram poucos os que lá estavam mas muitos foram os que compareceram para o jantar que se lhe seguiu.
A época de exames que agora terminou veio confirmar os meus receios.
Em consequência dos mais diversos e criativos meios, muitas provas foram anuladas pelos professores. Pior foi ter de assistir a cenas humilhantes e degradantes a que alguns se submeteram com as mais ardilosas justificações para justificar o injustificável.
A obtenção de uma licenciatura não pode justificar a ilicitude dos meios utilizados.
Não podem ser estes os futuros actores da Justiça!
Não podemos assistir passivamente à inversão de valores que tende a nortear a acção de alguns em prejuízo daqueles que, com seriedade e muito sacrifício, lutam por um “lugar ao sol”.

Ser de Direito tem de significar ser diferente. Para melhor!

JL



06 março 2005

ADM. PÚBLICA E O DEFICIT

Assisti, curioso e interessado, à entrevista do Dr. António Borges (AB) à SIC Notícias, no passado dia 05 de Março. Ainda não se conhecia a constituição do novo governo e todos esperávamos para saber quem ocuparia a pasta das finanças. À pergunta de como resolver o problema do deficit respondeu que a prioridade deveria passar pelo controlo da despesa e pela eficiência da máquina fiscal na cobrança dos impostos.
Afinal todos comungam dos mesmos objectivos!
Estava eu envolvido em plena cogitação quando dei comigo a recordar as palavras que o CEO de um dos maiores grupos financeiros mundiais, Maurice R. Greenberg – American International Group – mandou gravar no átrio do edifício sede da organização:

“Nenhuma despesa é suficiente pequena para não merecer a nossa maior atenção!”
Na comunicação que fez a todos os funcionários do grupo fazia dois exercícios, a título de exemplo.
Com as devidas adaptações, aplicá-los-ei à Adm. Pública.

Exemplo 1:

Funcionários públicos – 750.000 (?!)
1 chamada telefónica privada por dia (rede fixa) – Custo 0,08 euros
Dias úteis de trabalho – 220

Custo anual = 13.200.000,00 euros

Exemplo 2:

Uso diário e desnecessário de 1 folha de papel A4
1 resma de papel (500 folhas) – Custo 2,50 euros
Dias úteis de trabalho – 220
Resmas de papel desperdiçadas / dia = 1 500
Resmas de papel desperdiçadas / ano = 330.000

Custo anual = 825.000,00 euros

Quase 3 milhões de contos!!! Dá que pensar!?
Sabendo como se constrói um OGE, de base incrementalista, é preciso alterar muita coisa.
Volto à entrevista para registar que AB declarava a urgência de introduzir na Adm. Pública racionalidade e critérios de gestão. E, sem nunca o dizer expressamente, apelava para a importância de se construir um OGE de base zero.
O jornalista, por não ter captado o alcance da mensagem, deixou passar a oportunidade.
Mas AB, não. Foi mais longe ao declarar que, só depois disso, faria sentido falar de redução do número de funcionários públicos.
Só a miopia de políticos impreparados e cegos pelo poder é que impede a verdadeira revolução que ainda ninguém ousou fazer na Adm. Pública.
A chegada do Prof. Campos e Cunha é uma boa notícia.

Assim tenha coragem de fazer e ouse inovar.

JL

05 março 2005

Adultério intelectual!!

Alguns dias depois da publicação da celebre crónica de Feitas do Amaral na Visão apelando á maioria do PS, SaMyRoad99 exprimiu aqui no Casino da ELSA o seu espanto perante tal incoerência.



Mas hoje percebemos quais as razões que levaram o Professor Diogo a prostituir as suas convicções e a trair todos aqueles que durante os anos 70 e 80 acreditaram no seu projecto para Portugal.

O antigo fundador do CDS esqueceu os tempos em que votou contra a constituição de 76 considerando-a demasiado socialista... esqueceu todos aqueles que nos anos oitenta o apoiaram contra Mário Soares...o antigo presidente da União Europeia das Democracias Cristãs, esqueceu os tempos em que defendia políticas de Direita e fez campanha pelo PS, em troca de uma cadeira em S. Bento.

SLOT MACHINE