04 julho 2007

Ou?!

A viúva do Professor da ESAS - Escola Secundária de Alberto Sampaio, a quem a Junta Médica da Caixa Geral de Aposentações declarou "não estar incapacitado absoluta e permanentemente para o exercício da profissão", disse à reportagem da televisão:

"Ou são insensíveis ou são incompetentes!"

Permito-me discordar do teor das suas palavras. Profundamente!

Não vislumbro outra forma de o dizer. Refutando, desde já, o aspecto formal em que assenta a declaração da Junta Médica.

Se tivessem sensibilidade perante o caso com que foram confrontados não precisariam de ser competentes para o perceber. Decidiriam o que a razoabilidade e o bom senso impunham ao caso.

Se tivessem competência perante o facto notório com que foram confrontados tê-lo-iam percebido. Não precisariam de fazer apelo à sensibilidade no momento da decisão.

"São insensíveis e incompetentes!"

Adenda: Este Professor faleceu em Janeiro deste ano depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro na traqueia e de uma cirurgia o ter deixado mudo. (ver detalhes)

4 Comments:

At 05 julho, 2007 02:43, Blogger Pedro Morgado said...

Concordo. Mas esclareço que a "junta médica" não é exclusivamente composta por médicos... Mas devia.

 
At 05 julho, 2007 14:39, Anonymous Anónimo said...

Esta situação é deveras gritante podendo ser explicada por várias ordens de razões.Como disse o anterior comentador, as juntas não são apenas compostas por médicos, contudo estes exercem uma função primordial.
Esta falta de sensibilidade,bom senso, competência ou seja lá o que for, tem a sua génese na própria formação destes profissionais.
Uma quota parte da classe médica portuguesa é constituída por indivíduos desprovidos de vocação.Homens e mulheres abolímicos carentes de uma experiência vivencial que lhes passou ao lado nos principais anos da sua formação como pessoas.Incutidos de um único objectivo em alcançar o tão famigerado 20, exilaram-se da própria vida.Muitos deles não compreendem a razão pela qual pretendem seguir aquela carreira nem sequer demonstram a mínima vocação, algo essencial quando se trata de optar por uma profissão.
As universidades, escudadas pelos numeros clausus, estabelecem como critério principal uma classificação que não espelha nem garante as caractéristicas fundamentais para quem deseja ser médico.E é desta forma que se formam indivíduos frustrados, vazios de sensibilidade, apoiados unicamente nos conhecimnetos técnicos apreendidos em compêndios tão insípidos quanto eles.São meros tecnocratas.Quando entramos num hospital, seja em que valência for, notamos uma clara ausência de médicos.Esta ausência não se deve à sua falta mas ao desinteresse que estes demonstram pelos doentes.Não lhes dirigem uma palavra, um olhar.Sentem que não lhes devem explicações e encaram-nos com sobranceria.O contacto é evitado ao máximo e o relacionamento resume-se ao velho conhecido "respire fundo"...
Note-se a clara diferença entre estes e os seus congéneres espanhóis ou cubanos.Tão profissionais quanto humanos.Primus inter pares num mundo que compreendem devido ao facto de não serem simples "mnemones".
A sua integração no contexto profissional é-lhes garantida à partida.Não têm de lutar por um espaço no mercado de trabalho e este não tem a possibilidade de levar a cabo uma selecção natural.Permitem-se escolher o lugar no qual irão trabalhar, negligenciando milhares de pessoas que no interior encaram o "senhor doutor" como uma divindade que aportou para salva-los.
Déspotas confortavelmente sentados nas suas poltronas que rejeitam qualquer alteração do seu status quo."Avaliação", "controlo de assíduidade"?Nada disto encaixa naquelas mentes que se julgam superiores tentando transmitir a falsa ideia que o país necessita desesperadamente deles devido à sua gritante "escassez"...Nada mais falso!Portugal é um dos países europeus com uma das mais elevadas taxas de clínicos per capita.No entanto, de onde deriva tamanha falta?Julgando-se donos e senhores do serviço de saúde, tomam o previlégio de se arrogarem os únicos competentes para ocuparem os lugares de gestão nos hospitais e agora (quem sabe) nas juntas médicas.A saúde leva-nos o orçamento...esvai-se pelo cano com tanto desperdício, mas eles querem ser gestores...querem ser gestores e donos de um bem público já que ninguém pode ousar (sequer) opinar, caso contrário surge a tão conhecida greve que no caso destes profissionais é usada de forma tão irresponsável quanto cobarde deixando os mais fracos à mercê da sua sorte.E o país consente...e o país treme...
Até quando?

 
At 05 julho, 2007 16:42, Anonymous Anónimo said...

UNIVERSIDADE "ANONIMA" DO MINHO

Ao ler a quantidade de "Anonimos" que escrevem sobre o assunto "Universidade do Minho" um alheio a realidade seria levado a pensar que
Portugal hoje esta de novo nos bracos de uma ditaura, com censura e perseguicao !?

Afinal que futuro pretende esta gente nova construir se nem sequer tem a coragem de apresentar os seus pontos de vista e assinar o seu nome?

Tem medo de quem e de que ?
No Portugal actual a unica coisa que os cidadaos devem ter medo e do medo que lhes tolhe o pensamento e os escravisa .
Ou sera que nao a mecanismos de luta para forcar a alteracao e melhoria do sistema de ensino superior?
Ja nao ha boicotes ou ocupacoes de salas aulas e entradas alem de outros metodos pacificos de forcar tomadas de decisoes ajustadas as necessidades?

Sera que ja nao ha associacoes de estudantes que possam, UNIDOS, exercer formas de pressao sobre os dirigentes universitarios e professores
dentro das Faculdade? Sera que a juventude em Portugal esta tambem anestesiada como o resto da velhada que segue como um rebanho
a caminho do matadouro qualquer tocador de flauta que lhe apareca pela frente?

Nao se trata de partidarismos politicos ou lutas ideologicas mas sim o defender com firmeza aquilo que os estudantres pensam estar correcto e ser justo
para o seu futuro dentro do ensino superior. Se nao for a juventude com a sua impulsividade e idealismos quem e que vai alterar ao estado das coisas?
O Reitor? Os Professores....todos eles fazem parte do sistema e nunca voluntariamente mudarao o 'status quo' ! Tem de ser forcados a isso...pelos estudantes.

E se nao existem mecanismo que permitam aos estudantes tomar as accoes necessarias entao de facto nao vivem em democracia ao contrario do que
e proclamado a todo o mundo pelos sucessivos governos pos- 25 de Abril !.
Renato Nunes. Caroloina do Sul, EUA


HOMENS DE AMANHÃ

De: João Graça
Peço desculpa por meter foice em seara alheia.
Muito tenho lido acerca deste triste assunto que está afectando não só a Universidade do Minho como todas em Geral.
De facto são muito nocivas actitudes deste teor, que nada dignificam qualquer estabelecimento de ensino e que prejudicam directamente não só os alunos como também os professores.
Felizmente nos meus tempos de Faculdade, que já vão bastante longe, havia respeito e consideração de parte a parte, embora a lei que imperava era a de «MAGISTER DIXIT», mas não havia casos destes.
Quero aqui deixar bem claro que condeno o acto de agressão do aluno, mas entendo que não se deixe ficar este assunto por aqui, isto é ficar por uma simples condenação do aluno.
E porquê?
Porque a agressão, só por si, si foi simplesmente o efeito; o acto de agressão foi simplesmente a consequência de uma causa que é necessário averiguar e eliminar, para que novos actos desta natureza se não repitam.
E essas causas devem ser sempre averiguadas, defenidas e dadas a conhecer, para bem de todos.
Não sei como a Universidade está organizada, nem sei como se organiza o trabalho de conjunto numa Universidade, nem sequer estou interessado em saber.
Mas o que eu sei e disso não tenho dúvida alguma é distinguir a diferença entre causa e efeito.
E é aqui neste ponto que está o âmago da questão, acho que é necessário averiguar e eliminar de uma vez para sempre
a causa que despoletou todo este problema.
Se isto se não se fizer, mais coisas irão acontecer.
E, pelo que tenho lido, existe algo de errado no sistema que é necessário travar de uma vez para sempre.
Faça-se sim uma averiguação séria com gente qualificada, porque se encontra concerteza a causa deste problema.
Tenha-se a ombreidade moral para o fazer e não se esconda depois a verdade.
Não digo vontade política, porque político não sou, direi antes
vontade de esclarecer os porquês deste embróglio tão triste.
Vamos deixar de muro de lamentações e cantigas de maldizer e entrar na resolução séria do problema.
Com os desejos de final feliz para este assunto vão os meus sinceros votos de uma boa formação pelas nossas Universidades para os
HOMENS DE AMANHÃ
Sinceramente do João Graça www.portugalclub.org

 
At 05 julho, 2007 18:41, Anonymous Anónimo said...

Ao ler o post e as tuas palavras, lembro-me de uma palavra "cara" a quem estuda Direito, a palavra EQUIDADE!
Lembra-me também que EQUIDADE, não existe na Escola de Direito da UM, nem no teu punho.

 

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