09 março 2005

Fraude e Avaliação


Ainda hoje dou comigo a reflectir sobre o conteúdo da intervenção do Prof. Horster aquando da cerimónia oficial da comemoração do 10º ano da Licenciatura de Direito na Universidade do Minho, em Dezembro último.
Começou por declarar o regresso à direcção do curso o que saudamos vivamente.
Lembrou as diferenças que se registam no relacionamento professores/alunos de hoje e aquele que existiu no passado. Condescendeu ser essa a consequência do crescimento e da perda da familiaridade que então caracterizava o ambiente na Escola de Direito.
Com o pragmatismo que o caracteriza avançou com o pensamento que moldará a sua acção.
Fraude!!! – eis o problema.
Declarou que uma sociedade pode conviver com governantes corruptos, com a inépcia da Adm. Pública e até com empresários sem escrúpulos. Desde que a Justiça e toda a sua organização funcionem com princípios e valores!!!
Para que isso aconteça, os actores da Justiça terão de ser formados e enformados dentro daqueles princípios. Onde a fraude não tem lugar!
Manifestou a sua perplexidade pelo crescente número de fraudes verificadas em tempo de exames. E quer atalhar rapidamente para impedir que isso continue.
Aplaudo. Não ouvi nenhum comentário sobre o assunto entre os estudantes. Eram poucos os que lá estavam mas muitos foram os que compareceram para o jantar que se lhe seguiu.
A época de exames que agora terminou veio confirmar os meus receios.
Em consequência dos mais diversos e criativos meios, muitas provas foram anuladas pelos professores. Pior foi ter de assistir a cenas humilhantes e degradantes a que alguns se submeteram com as mais ardilosas justificações para justificar o injustificável.
A obtenção de uma licenciatura não pode justificar a ilicitude dos meios utilizados.
Não podem ser estes os futuros actores da Justiça!
Não podemos assistir passivamente à inversão de valores que tende a nortear a acção de alguns em prejuízo daqueles que, com seriedade e muito sacrifício, lutam por um “lugar ao sol”.

Ser de Direito tem de significar ser diferente. Para melhor!

JL