Triste vida esta...
Nos dias que correm é fácil ser-se suspeito. A sociedade caminha, lentamente, para uma subtíl ditadura ou, pelo menos, para um sistema que pretende moldar de forma igual as consciências individuais, como se de um produto de fábrica se tratasse. A vida neste planeta, neste país em particular é já suficientemente preocupante! Falo de Crises, sociais e económicas, aliás tão na moda; de Doenças; de Violência; de Desemprego; etc.
Como se não bastasse, agora é estupidamente fácil ser-se suspeito. Para tal basta tirar a Carta de Condução e...viajar. Alguém que se decida a iniciar uma simples viagem de Braga até à costa litoral adquire imediatamente o estatuto de suspeito. Isto porque, mesmo sendo um exímio condutor, sem nunca ter posto sequer um cão em perigo, sem nunca ter provocado um acidente, sem nunca ter desafiado o asfalto, sem nunca ter conduzido sem ter a exacta consciência do que é ter o controlo de um veículo motor, resumindo, sem ter qualquer tipo de indício que leve a autoridade, depois de realizado um simples silogismo mental, a agir, pode este condutor perfeito ser alvo daquele infame Acto Administrativo mais conhecido por Operação STOP e todos os que daí poderão decorrer.
O problema poderia ficar por aqui se o Legislador português não fosse MEDRICAS.
Todos os dias as televisões enchem a cabeça das pessoas com números de mortos e feridos nas estradas, como se de uma "Guerra" se tratasse. O Legislador age, enganado, com as políticas de prevenção geral e individual, fazendo punir duramente todos os que, sendo apanhados nesta malha, sejam potenciais criadores de acidentes por, atente-se e pense-se, circularem a mais 10 Khm/h do que o permitido, por falarem ao telemóvel enquanto conduzem ou, recentemente, por terem dado umas passas num charro. Permitam-me ser a carta fora deste baralho.
Este baralho está viciado. Senão veja-se:
Os números de acidentes não diminuem porém o valor das coimas aumenta. Inventam-se novas coimas e o número da acidentes continua igual. Alguém estará a fazer batota?
Penso que sim. Aqueles que redigiram esta lei a que me refiro são os mesmos que, mesmo ganhando mal para a função de deputado, possuem aquele motorista que os retira desta condição de suspeito ou, mesmo que o não tenham, possuem aquele fantástico cartão de deputado que, quando apresentado a um agente da autoridade logo faz prova da sua inocência. E são estes que optam por atribuír a toda a gente a condição de suspeito em vez de punirem severamente aqueles que já tenham efectivamente posto a vida de alguém em perigo por terem culpa em acidentes ou por realmente não terem a noção do que é conduzir sem ser em pista mas em estrada ou até mesmo por, voluntariemente, terem iniciado uma ultrapassagem em cima de uma curva, porque punir drásticamente estes últimos é que seria a concretização correcta das políticas de prevenção geral e individual.
Agora digam-me, onde está a concretização dos princípios de prevençao geral e individual bem como de reinserção, que orientam o direito penal quando pessoas que sempre conduziram com toda a segurança pagam todos os dias coimas por entenderem que circular a mais 20 Khm/H do que o permitido não é um perigo (e não é efectivamente) ou aquelas que, mesmo sob o efeito da mais forte das substâncias psicotrópicas têm toda a noção de segurança rodoviária, enquanto muitas outras que no seu estado normal são um verdadeiro perigo nas estradas passam incólumes e em posição de igualdade com todas as outras. Hoje sinto o que é estar mais à frente que a sociedade. É triste!
Verdadeira prevenção é retirar das estradas todos aqueles que tenham atentado contra o bom senso nas estradas. E...mau senso não é ir a 70 Khm/h na rodovia bracarense ou a 140 Khm/H na auto-estrada...Mau senso é ultrapassar quando é impossível, colar-se à traseira de outro carro em plena auto-estrada, acelarar na passadeira para passar antes do peão, picar-se com outros carros, etc...
Em vez disso o nosso medricas Legislador assusta-se com a obra dramáticamente artística que vê na TVI e dá poderes a homens, que em muitos casos nem a 4ª classe têm, para mandar parar quem bem lhes apetecer e descobrir alguma infracção punível (o que é simples) enquanto na mesma estrada anda um tolinho a pôr em perigo a vida dos outros e, por mero acaso passa despercebido até ter ultrapassado outro numa curva matando os tripulantes do carro que vinha em direcção contrária e cujo condutor até podia ter fumado um charro mas vinha ciente da calma e responsabilidade que deve ter para iniciar a marcha e chegaria calmamente ao seu destino se não fosse o outro verdadeiro perigo que por acaso não bebe nem fuma porém é psicologicamente um potencial assassino.
Não me sinto realizado num país assim. Resta-me lembrar que na nossa querida UE países existem em que é possível andar a 300 Khm/H sem cometer qualquer infracção rodoviária. Nesse é aliás proíbido ir na faixa da esquerda da auto-estrada a 120 Khm/H...porque também potencia o perigo...e não se cobram portagens.
Concluo apenas que o perigo é muito relativo e também a mente das pessoas e não é por fumar um charro que o condutor irá por em perigo alguém mas sim por ter determinadas características psicológicas, sociais e educacionais. Voltarei a este assunto pois revolta-me profundamente. Quiça contarei aqui algumas peripécias desta vida rodoviária, na 1ª pessoa.
Como se não bastasse, agora é estupidamente fácil ser-se suspeito. Para tal basta tirar a Carta de Condução e...viajar. Alguém que se decida a iniciar uma simples viagem de Braga até à costa litoral adquire imediatamente o estatuto de suspeito. Isto porque, mesmo sendo um exímio condutor, sem nunca ter posto sequer um cão em perigo, sem nunca ter provocado um acidente, sem nunca ter desafiado o asfalto, sem nunca ter conduzido sem ter a exacta consciência do que é ter o controlo de um veículo motor, resumindo, sem ter qualquer tipo de indício que leve a autoridade, depois de realizado um simples silogismo mental, a agir, pode este condutor perfeito ser alvo daquele infame Acto Administrativo mais conhecido por Operação STOP e todos os que daí poderão decorrer.
O problema poderia ficar por aqui se o Legislador português não fosse MEDRICAS.
Todos os dias as televisões enchem a cabeça das pessoas com números de mortos e feridos nas estradas, como se de uma "Guerra" se tratasse. O Legislador age, enganado, com as políticas de prevenção geral e individual, fazendo punir duramente todos os que, sendo apanhados nesta malha, sejam potenciais criadores de acidentes por, atente-se e pense-se, circularem a mais 10 Khm/h do que o permitido, por falarem ao telemóvel enquanto conduzem ou, recentemente, por terem dado umas passas num charro. Permitam-me ser a carta fora deste baralho.
Este baralho está viciado. Senão veja-se:
Os números de acidentes não diminuem porém o valor das coimas aumenta. Inventam-se novas coimas e o número da acidentes continua igual. Alguém estará a fazer batota?
Penso que sim. Aqueles que redigiram esta lei a que me refiro são os mesmos que, mesmo ganhando mal para a função de deputado, possuem aquele motorista que os retira desta condição de suspeito ou, mesmo que o não tenham, possuem aquele fantástico cartão de deputado que, quando apresentado a um agente da autoridade logo faz prova da sua inocência. E são estes que optam por atribuír a toda a gente a condição de suspeito em vez de punirem severamente aqueles que já tenham efectivamente posto a vida de alguém em perigo por terem culpa em acidentes ou por realmente não terem a noção do que é conduzir sem ser em pista mas em estrada ou até mesmo por, voluntariemente, terem iniciado uma ultrapassagem em cima de uma curva, porque punir drásticamente estes últimos é que seria a concretização correcta das políticas de prevenção geral e individual.
Agora digam-me, onde está a concretização dos princípios de prevençao geral e individual bem como de reinserção, que orientam o direito penal quando pessoas que sempre conduziram com toda a segurança pagam todos os dias coimas por entenderem que circular a mais 20 Khm/H do que o permitido não é um perigo (e não é efectivamente) ou aquelas que, mesmo sob o efeito da mais forte das substâncias psicotrópicas têm toda a noção de segurança rodoviária, enquanto muitas outras que no seu estado normal são um verdadeiro perigo nas estradas passam incólumes e em posição de igualdade com todas as outras. Hoje sinto o que é estar mais à frente que a sociedade. É triste!
Verdadeira prevenção é retirar das estradas todos aqueles que tenham atentado contra o bom senso nas estradas. E...mau senso não é ir a 70 Khm/h na rodovia bracarense ou a 140 Khm/H na auto-estrada...Mau senso é ultrapassar quando é impossível, colar-se à traseira de outro carro em plena auto-estrada, acelarar na passadeira para passar antes do peão, picar-se com outros carros, etc...
Em vez disso o nosso medricas Legislador assusta-se com a obra dramáticamente artística que vê na TVI e dá poderes a homens, que em muitos casos nem a 4ª classe têm, para mandar parar quem bem lhes apetecer e descobrir alguma infracção punível (o que é simples) enquanto na mesma estrada anda um tolinho a pôr em perigo a vida dos outros e, por mero acaso passa despercebido até ter ultrapassado outro numa curva matando os tripulantes do carro que vinha em direcção contrária e cujo condutor até podia ter fumado um charro mas vinha ciente da calma e responsabilidade que deve ter para iniciar a marcha e chegaria calmamente ao seu destino se não fosse o outro verdadeiro perigo que por acaso não bebe nem fuma porém é psicologicamente um potencial assassino.
Não me sinto realizado num país assim. Resta-me lembrar que na nossa querida UE países existem em que é possível andar a 300 Khm/H sem cometer qualquer infracção rodoviária. Nesse é aliás proíbido ir na faixa da esquerda da auto-estrada a 120 Khm/H...porque também potencia o perigo...e não se cobram portagens.
Concluo apenas que o perigo é muito relativo e também a mente das pessoas e não é por fumar um charro que o condutor irá por em perigo alguém mas sim por ter determinadas características psicológicas, sociais e educacionais. Voltarei a este assunto pois revolta-me profundamente. Quiça contarei aqui algumas peripécias desta vida rodoviária, na 1ª pessoa.
PENDULUM
6 Comments:
Caríssimo,
Apreciei o estilo de escrita e o conteúdo. Penso ainda que hoje em dia, é indispensável escrever em código para dizer que não está bem sermos obrigados a cumprir limites arbitrários à risca como andar de cinto de segurança mesmo num parque de estacionamento ou andar a menos de 120 impreterivelmente… Todos sabemos que muitas vezes é preciso tirar os olhos do conta quilómetros e colocá-los na estrada. Também todos sabemos que numa colisão a 10Kms/h não vamos precisar do cinto de segurança. Mas a polícia não olha às situações. São mecânicos na aplicação da lei… Veja-se o ridículo das palavras de um dos comandantes da operação São Cristóvão (operação férias 2005) que disse que iam combater as situações de risco para os outros condutores, sejam elas as ultrapassagens perigosas, os excessos de velocidade ou a falta de cinto de segurança. O que é que o sinto de segurança tem a ver com a segurança dos outros???
É ridículo. Tal como é ridículo ver pessoas que têm tudo para compreender que o exercício da liberdade de cada um só deve ser travado a partir do ponto em que passa a interferir com a liberdade dos outros, criticar os “infractores” das leis de transito mais repressoras e arbitrárias como o limite rígido da velocidade, o uso do cinto de segurança, etc.
Se pudesse também escreveria em código, não vão estes perfeitinhos virar-se também contra mim… Já me bastam os polícias que não fazem mais se não sugar os nossos recursos em vez de os proteger…
Mas como o Blog não aceita respostas em Webdings...
Com cinto de segurança ou sem ele, a 120Km/h ou a 50, um dos grandes problemas do condutor português é pensar, e agir, como se ele fosse o único a saber conduzir... Ao condutor português, como em muitas outras áreas, falta-lhe civismo, respeito pelas outras pessoas que andam na estrada (e no passeio) e a humildade de admitir que é também susceptível de cometer erros.
Na cidade de Braga até é um perigo andar a pé, aliás, é uma das cidades onde se regista o maior número de atropelamentos. Desde não parar quando o semáforo está vermelho, a conduzir a 70Km/h numa rua como a D. Pedro V, estacionar em segundas filas ou em cima do passeio, apitar desenfredamente mesmo sabendo que isso não vai fazer os outros carros andar mais depressa... enfim! Em muitos casos, a culpa nem é do condutor. Se ficarem uns minutos em frente ao Bragashopping, poderão ver pais a ensinar os filhos como se atravessa uma estrada quando o sinal está vermelho para os peões!!!!
Tudo isto se resume a uma total falta de respeito pelos outros.
As regras foram criadas para serem cumpridas. O português adora dar a volta a tudo que seja regra... O problema é mesmo a mentalidade de cada um. Somos os eternos "chicos espertos"!
As novas regras não serão certamente a melhor solução, mas vamos esperar para ver...
Olívia Santos
Cara Olívia:
Não posso deixar de fazer este reparo:
Eu, como estudante de Direito, sei que "as regras foram criadas para serem cumpridas". Não coloco isso em questão pois não sou anarquista!
O problema reside basicamente no facto de estas regras estarem desajustadas e, mais importante, de generalizarem o que deve ser tratado individualmente, isto é, pressupõem que qualquer pessoa que circule a 130 Km/H está a potenciar o perigo quando na verdade, casos há, em que aquele que segue a 60 Km/h é muitas vezes um risco maior por azelhice ou por qualquer outro motivo.
O novo código da estrada é, além do mais uma verdadeira afronta às pessoas, neste sentido:
O ordenado mínimo deste país anda por volta dos 400 €. Existem Coimas que chegam aos 2000€... Isto apens no valor da sanção de ilícitos de mera ordenação social...Acha isto Justo? Penso que mais do que injusto é tirano que o Estado invista as pessoas que referi na Posta de decidirem aleatóriemente quem manda m parar e se lhes apetece ou não encontrar algum ilícito na viatura ou conduta do sujeito.
Para terminar deixo apenas umas perguntas:
Olívia, tem carta de condução? se sim conduz habitualmente na cidade e fora dela?
PENDULUM
Caro Pendulum,
Sim, tenho carta de condução. Não conduzo por várias razões. Em primeiro lugar porque não gosto e, em segundo, porque, muito honestamente, tenho um terror enorme de o fazer, o que não invalida a minha posição e, felizmente, não preciso de o fazer. No entanto, não só já conduzi durante algum tempo, como sou também um peão assíduo das ruas de Braga e os reparos que faço, não os faço de cor. Vi-os e continuo a vê-los!
Não discordo de nenhum dos seus argumentos, muito pelo contrário, tem toda a razão! Apenas referi outro ponto de vista que me pareceu importante: a consciência das pessoas.
é óbvio que há gente cumpridora, mas, como acontece em quase todos os sítios, muitas vezes, paga o justo pelo pecador. Não obstante, saberá certamente melhor do que eu, já que anda na estrada, que existe muita gente a precisar de ser multada.
E já agora, faço eu um pequeno reparo quanto ao ordenado mínimo de €373,64: não vá por aí! Os €373,64 não são impedimento para muito boa gente andar por aí, só para dar um exemplo, com telemóveis topo de gama!
Esqueci-me de assinar o meu comentário, caso haja dúvidas de que me pertence ;-)
Olívia Santos
Feita a crítica contra a posição do legislador e das autoridades, urge que tenhamos a hombridade de assumir a nossa total falta de consciência cívica...porque a culpa não é apenas e sempre dos outros!
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