O monopólio é bom! Muito bom!!!
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, José Aranda da Silva, defendeu hoje que a liberalização do sector das farmácias "não é solução" e "não resolve os problemas do sistema de saúde e muito menos do país" - in Público.
E tem toda a razão, digo eu. Mas não é disso que se trata e o digníssimo bastonário sabe-o tão bem quanto qualquer cidadão medianamente bem informado.
A raiz do problema está num outro quadrante da questão. A saber, quem ganha e quem perde com a liberalização da propriedade das farmácias?
Os mesmos liberais que José Aranda da Silva cita em sua defesa há muito que declararam que, estabilizado o mercado, o consumidor ganhará quer em termos de preços quer na quantidade/qualidade dos serviços a disponibilizar.
Tomemos como exemplo o serviço prestado durante a noite, em Braga. Hoje, em 2006, temos a prestar serviço nocturno 2 (duas) farmácias. Esta situação não se alterou - que me lembre - desde há mais de 30 anos!!!
Se considerarmos o aumento da população residente e circulante neste intervalo de tempo, hão-de convir que algo vai mal no mercado das farmácias. Ou não!
Porque, com o enviesamento da argumentação, o digníssimo bastonário desvia a discussão do essencial para o acessório alertando até - pasme-se! - para os perigos (??!!) que pairam sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
E fá-lo muito bem pois é do SNS que corre o maior caudal de dinheiro - quase em descontrolo total - que, desde a sua criação, "engorda" os bolsos das farmácias e os do cérebro deste monopólio que é a Associação Nacional de Farmácias.
Desconfio sempre da bondade destes que tão "desapegadamente" defendem os interesses dos utentes do Serviço Nacional de Saúde.
JL
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