Praxe / Este tempo que passa
Nas visitas de ofício à página dos alunos de Direito pude ler este aviso. E ainda este.
O tempo que já passou depois das acesas discussões aqui travadas sobre o tema não fez apagar a memória nem o sentido crítico de análise que o tema merece.
Ia deixar passar em claro o episódio mas entendo que não o devo fazer.
Porta de trás do CP2 e nos primeiros dias de Outubro, decorria a praxe.
Glosando uma célebre rábula de Vasco Santana e o candeeiro da iluminação pública, a caloira envolvia o poste com as mãos e, em sucessivos movimentos para cima e para baixo, simulava a masturbação enquanto, ao mesmo tempo, berrava:
"Dá-me luz! Dá-me luz!"
Os "doutores" gozavam a cena com sorrisos mal disfarçados enquanto se divertiam a olhar a expressão daqueles que por ali passavam. E gritavam para a caloira:
"Como? Não se ouve nada!"
"Dá-me luz! Dá-me luz!" - insistia, berrando ainda mais alto, a caloira.
E os "doutores" riam, num gozo incontido enquanto um deles dava a ordem a outro caloiro, um rapaz, para avançar.
O caloiro, rindo com um ar ridículo, aproximava-se, por trás, da caloira e, simulando a cópula, gritava:
"Ai queres luz! Toma lá o Sol. Toma lá o Sol!"
Risada geral dos "doutores"!
Não acredito que aqueles que defendem a praxe subscrevam este tipo de actuações.
Ridículas! Humilhantes! Degradantes!
Não dignificam ninguém!
Acabem com isto!
Basta!
JL
13 Comments:
Perfeitamente de acordo!
Mas não deixa também de ser algo curioso o facto de existirem caloiros que em vez de se sentirem humilhados, até gostam de o fazer. Aliás, fazer isso e muitas outras coisas. O exemplo extremo seram os caloiros de LESI, que se tal coisa for possível até se autopraxam. Fazem as coisas mais ou menos humilhantes por querer e com gosto (exemplo: aproveitar um lamaçal para servir de piscina - é no mínimo fascinante, o gosto e o prazer que eles retiram em mergulhar, repetidamente, para a lama... fascinante, curioso, nem sei bem como qualificar isso.
Acabo de ler, na reportagem que o "Correio do Minho" apresenta do colóquio de ontem promovido pela AEDUM sobre a praxe, as palavras do estudante Rui Jorge (membro do cabido de cardeais) que procura justificar o que de menos bom tem acontecido.
"Alguns descarregam as suas frustrações e isso é impossível de controlar."
"Se a praxe não está bem o nosso sistema de ensino não está melhor."
Se este é o tipo de argumentação utilizado por um dos "doutores" então estamos conversados.
"cabido de cardeais" - mas já alguém pensou a sério o que é isso e o que representam os seus membros?
Devem estar a brincar com a nossa inteligência.
Talvez devido ao facto do senhor JL ter essa opiniao acerca da praxe,torna-se compreensivel que seja um outsider deste curso!Nao falta quem va a praxe e quemk vai so tem boas recordaçoes e excelentes resultados das amizades e companheirismo que nessa augustissima tradiçao se adquire!So lamento que haja pessoas dotadas de mentes diminutas que apenas tem interesse em ver os pormenores menos positivos que por vezes ocorrem na praxe,pondo de parte o que ela tem de bom!!!
Dai-lhes luz Senhor!
Dai-lhes luz...!
Há dois argumentos usados numa discussão por aqueles que têm consciência de que não são razoáveis nem sustentáveis os seus verdadeiros argumentos. São bem conhecidos, desde os clássicos, a saber:
1º - Desviar a discussão para o acessório furtando-se ao essencial;
2º - Para não correr o risco de falhar então usa-se o argumento Ad Hominem.
Cumprindo o previsível, um anónimo classificou-me como outsider deste curso. Não sendo inteligível ou suficientemente claro o seu comentário permita-me discorrer.
Se ser outsider é:
- Ser capaz de pensar as coisas e sobre elas emitir um juízo crítico, eu sou;
- Ter a capacidade de decidir e nunca actuar por arrasto num síndroma de rebanho, eu sou;
- Ser leal e assumir aquilo que pensa e diz sem nunca se colocar a coberto do anonimato, eu sou.
Nesta condição sinto-me bem como pessoa e muito bem acompanhado no curso.
Já agora e ainda que muito pouco importante, em momento algum nem em nenhum lugar me declarei anti-praxe.
Para que conste!!!!
Caro JL
Não podia estar mais de acordo estes seres, porque não têm outro nome, são uns inergúmenos, nem se identificam.
Para lhe ser sincero, prezado colega, eu também sou anti-praxe,mas para que conste eu também nunca me declarei.
Caro amigo acho que está na altura de nós, aqueles que nunca nos declaramos, assumirmos, sairmos do armário.
No fundo não há mal nenhum em assumir a diferença.
Este anónimo a chamar-nos outsiders (a chamar-nos sim, porque eu também partilho a sua dor), não há mal nenhum na diferença!
Tenho dito!!!
Jean Lait
Le retour...
A explicação é facil... Há estupidos do lado dos "Doutores" e estupidos do lado dos caloiros. Lembro-me de qd entrei na UM, fui a praxe, no minimo para ver como era... Numa das discussões que tive com o presidente de praxe do meu ano ele disse-me: praxamos os caloiros para que eles saibam que lá pq entraram na universidade ainda não são ninguem. Resposta: hmm,e tu pq andas no 3º ano, és? Calou-se... e finalmente, em vez de berrar-me entrou em dialogo cmg e vejam lá,ate me convenceu a ir a latada! Uma coisa que as pessoas tem dificuldade em perceber, é que qd falo mal da praxe,estou a falar na generalidade, há gente boa e má em td o lado,se acho bem irem buscar caloiros em Novembro e Dezembro ás aulas? Acho extremamente errado. Não preciso de um traje, nem de 3 matriculas se quiser berrar para alguem. E qd me apetece fazer cenas no meio da rua, faço. Há boa praxe,há, o problema é haver MTA MAIS MÁ PRAXE. Não sei ondeo da-me luz... ajuda... mas pronto... Se calhar somos nós que tamos a ver mal as coisas. Qd ha uns anos vi caloiros que estavam a ser praxados ha mais de 1 mês e nao sabiam que o nosso curso funciona por turnos... realmente... estavam mt bem integrados e informados...
Não sou anti-praxe, estou-me a cagar para a praxe.
"eu também sou anti-praxe,mas para que conste eu também nunca me declarei."
Isto tambem nao considero muito coerente. Se se é anti-praxe entao ao menos que se assumam como tais.
A praxe, como muitas coisas nesta vida, tem aspectos que funcionam bem, e outros que funcionam mal.
Quanto às pessoas que estão encarregues dessa tarefa, o mesmo se passa. Encontram-se pessoas sensatas que usam a praxe de uma forma divertida para ambos os lados, e outros que descarregam frustrações acumuladas, e que por serem "doutores" e se sentirem com algum poder, abusam e só "metem a pata na poça".
Encontrámos pessoas dessas, infelizmente, em toda a parte. E se olharem à vossa volta, quase sempre que alguém conquista um pouco de poder, na maioria dos casos, assistimos a prepotência e estupidez atroz.
Não podemos acabar com tudo o que tem erros e pessoas que não sabem agir correctamente.
Apenas penso que, se de um lado os que gostam da praxe (serem praxados e praxar) devem respeitar quem não gosta, também penso que os "anti-praxe" o devem fazer. Respeitar o que cada um gosta de fazer. Para o que um é humilhante para outro nao o é. Cada um é como cada qual. Se todos gostassemos das mesmas coisas....iamos ser o tal rebanho de ovelhinhas...!
Eu nao sou contra a praxe. Sou contra uma má praxe. Quando alguém observar um abuso ou uma incorrecçao numa praxe, deve intervir. Pois os caloiros muitas vezes nao sabem quando a praxe passa a abuso, e por medo, nao falam.
Acho que esta é uma daquelas discussoes que existirá sempre.
Há os que gostam da praxe, e há os que nao gostam.
Desde que ninguém ande a fazer o que nao gosta...
Não fui praxada em Braga, mas no sítio onde o fui não era muito diferente. Enquanto for permitido que a praxe sirva para descarregar frustações, enquanto a integração dos caloiros consistir em informações sobre a localização dos bares (que não me parece difícil de descortinar), enquanto obrigarem as pessoas menos fortes a serem humilhadas publicamente e enquanto for louvável andar 10 anos a fazer um curso de 4, enquanto a praxe se resumir à simulação de posições sexuais e enquanto não se respeitar, afastando-as das actividades académicas, as pessoas que simplesmente não querem ser praxadas as praxe vai ser vista por todos como algo inútil.
E, já agora: o que é um "cabido de cardeais" e o que representam os seus membros?
CABIDO= Cambada Ambulante de Borrachões Imbuídos de Desinteligência Originária
O insulto como argumento, é a primeira pista para se perceber que a racionalidade, a inteligencia e a sensatez terminou...
Quando se dá o que tem, a mais nao se é obrigado...é uma verdade!...
Por amor de Deus...qualquer q seja a vossa opinião, será assim tão errado e custoso darem a cara?!
dá-me gozo ouvir bocas sobre a praxe, as diferentes opiniões...até agora, de todos os comentários que li, só concordo com um...que infelizmente também é anónimo, mas que foi "postado" a 22 Outubro, 2006 18:36. Espantam-me as pessoas que acham a praxe no geral humilhação, e que criticam a toda força a hierarquia imposta pelo codigo de praxe...Sou caloira e ainda estou a ser praxada e sinceramente nunca me senti humilhada, e digo muito mais, ao contrário do que muita gente pensa, os meus doutores não apoiam o consumo do alcool, muito pelo contrário, repreendem-no!! Eles também apoiam a união e a sinceridade... Posso também dizer,q foi graças à Praxe que me integrei tão rapidamente, sendo eu caloira da segunda fase e tendo ficado em casa de uma rapariga que hoje em dia é das minhas melhores amigas logo na segunda semana depois de ter entrado...
Um conselho, a praxe ajuda as pessoas a crescerem, a saberem controlar-se e a perderem um bom bocadinho o "nariz empinado" que têm qd entram pra universidade...Claro que falo através da praxe que tive e tenho... Mas sinceramente, acham que alguém morre por simular posições sexuais, ou até mesmo simular um orgasmo?! Cada pessoa tem uma maneira diferente de reagir, se o teu orgasmo é uma autentica sinfonia de Bethoven então só tens de fazer uma coisa: finges que o teu orgasmo se resume a um simples "ai!"...ninguém te vai dizer nada e certamente que ninguém se sente humilhado por dizer "ai!"...
But anyway, that's only my opinion...!
Filipa Guerra,1º Ano, Línguas Aplicadas, Universidade do Minho
para mim a praxe é uma estupidez. estou no meu direito de achar isso. ainda ninguém me conseguiu explicar os seus fundamentos... não. não engulo a cena da tradição, da integração, dos símbolos...
eu não concordo com a praxe. mas respeito quem concorde.
e portanto acho que mereço que respeitem igualmente a minha posição. ainda não me declarei anti-praxe (ah! tb não percebo porque raio tenho de enviar uma carta ao "papa" a "pedir" para não ser praxada??? - na univ do minho é assim) não, não percebo. acho que sou livre de tomar a minha decisão livremente, como cidadã livre q sou. acho que cada um tem o direito de fazer as opções que quiser. bem, se alguém me conseguir explicar a cena do enviar uma carta que diga.
cumprimentos.
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