13 maio 2006

A GRANDE DEMOCRACIA CUBANA


"Uma ditadura é sempre uma ditadura, não é uma ditadura mas... Pinochet também conseguiu bons resultados económicos no Chile, e isso é-nos, e muito bem, completamente indiferente.
Bem sei que não és pró-castrista. Bem sei que o que te move é a irritação de ver gente que toda a vida fechou os olhos a ditaduras miseráveis por toda a América Central e do Sul a dar lições de direitos humanos. Bem sei isso tudo. Mas a esquerda tem de ser mais radical do que o balanço do deve e do haver entre as “ditaduras deles” e as “nossas ditaduras”. Tem de saber dizer o que ainda não pensa nem a maioria da esquerda nem a maioria da direita: que sem liberdade, tudo o resto é acessório. Seja em Guantanamo, seja em Havana. Seja pela luta pela independência, seja pela luta contra o terrorismo. Sem liberdade, nenhuma luta vale coisa nenhuma.
Não podemos deixar dúvidas no ar. Fidel Castro não é só um tipo que está há muito tempo no poder. É um ditador que se alimenta de um bloqueio criminoso para justificar o seu poder sem limites e a sua infinita incompetência económica. É que no ataque que fazemos, e carregadinhos de razão, ao que se está a acontecer em Guantanamo, não podemos, nem por um segundo, deixar qualquer dúvida em relação ao que achamos sobre o que se passa mesmo ali ao lado. Se não alguém escreverá: “relativismos…” (Daniel Oliveira :10/02/2004)
***

"Acusado de ser um traidor da pátria e sem ter como voltar para Cuba, o estudante de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Juan López Linares, vive um drama imposto pelo regime de Fidel Castro. A opção de sair de seu país para avançar nos estudos fez com que o estudante tivesse que deixar a família, mas a separação do filho, Juan Paolo, de três anos é o que mais angustia o cubano, que gostaria apenas de poder entrar e sair de seu país sem ter problemas. O filho nasceu em Cuba e por isso, também não é autorizado a sair do país. "Eu nem conheço o meu filho", desabafou.
Linares saiu de Cuba para fazer pós-mestrado em Física na Itália junto com sua mulher. Depois de concluir o curso, a esposa, grávida, voltou para Cuba. Ele preferiu vir para o Brasil, onde fez doutorado na Universidade Federal de São Carlos e agora, pós-doutorado na Unicamp.
O crime do estudante, previsto no regime de governo de Cuba, foi ter saído de seu país por um período superior a um ano. Para voltar é preciso ter um autorização, já requerida três vezes e negada pelo consulado de Cuba em São Paulo, por conta de um agravante.
Como o cubano já está fora do país há mais de cinco anos, seu crime é ainda maior. Por ter violado os controles migratórios, é comparado a um seqüestrador de avião, principalmente por ser considerado um funcionário desertor do governo, já que, apesar de não ser contratado pela Universidade de Havana, era professor de Física para biólogos na instituição. Dessa forma, ele foi considerado criminoso por abandonar uma missão oficial do governo.
Como se não bastasse a proibição de voltar para seu país, a sua família também não foi autorizada a vir para o Brasil. "Eu tenho autorização para ficar no Brasil, mas não posso voltar para o meu próprio país. Mesmo sendo criminoso eu teria que ter esse direito, para ser julgado. Mas corro o risco de chegar lá e ser extraditado para o Brasil. Hoje não sou cubano e nem brasileiro. Estou sem pátria", desabafou.
Esta mesma situação é vivida por vários cubanos que residem no Brasil. No ano passado, o casal Zaida Jova Aguilera e Vicente Becerra Sablón, ambos pós-graduandos da Unicamp, sofreram o mesmo drama quando tentaram trazer a filha Sandra, hoje com 12 anos, para o Brasil. A menina ficou separada dos pais durante quatro anos e somente depois de uma longa negociação diplomática a viagem foi liberada.

Juan Linares é bolsista da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) até o próximo mês de dezembro, mas o período de permanência no Brasil pode ser ampliado. "Eu já não concordava com o slogan do governo cubano: Pátria ou Morte. Mas enquanto a gente está lá, as informações são somente as oficiais e ninguém protesta. Agora reprovo o regime de Fidel Castro e percebo que ele é um ditador. Pelas condições de vida e para trabalhar, eu prefiro ficar no Brasil. O que eu desejo é conseguir entrar e sair de Cuba sem problemas e ter meu filho aqui no Brasil também sem problemas", frisou.
Linares disse que o povo cubano vive numa situação de miséria, já que o regime de governo não permite nem mesmo o surgimento de outros partidos políticos. O único partido reconhecido em seu país, ironicamente possui a sigla de PCC (Partido Comunista de Cuba).
"Pela primeira vez, em mais de 30 anos, o povo realizou um abaixo-assinado, com dez mil assinaturas, pedindo um projeto de democratização. Mas somente este processo de recolhimento das assinaturas demorou mais de três para ser concluído, pois o povo tem medo", explicou.
De acordo com o estudante, apesar de o "socialismo" ser divulgado como um regime onde todos possuem o mesmo direito e que a educação e a saúde são deveres do governo para com o povo, é o próprio povo quem paga por tudo. "Não é nada de graça, pois os salários são muito baixos. Um exemplo são os mais conceituados médicos ou o chefe do Departamento de Física da Universidade de Havana, que ganham US% 30 por mês, o que significa menos de R$ 100. Um chefe de departamento na Unicamp ganha entre R$ 4 mil e R$ 5 mil por mês", comparou. (http://www.cubdest.org/0206/cjlopezcpop.html)

***
Isto sim é uma grande DEMOCRACIA
Aconselho a todos os interessados a visita ao site therealcuba.com. Elucidativo. Aliás qualquer pesquisa acerca de Cuba na net o é. Ou então basta pegar num manual de Direito constitucional e verficar o conceito de democracia e comparar com o regime cubano.

NAP

5 Comments:

At 15 maio, 2006 18:46, Anonymous Anónimo said...

Repito com a devida veemência: MAS SERÁ QUE NÃO HÁ LIMITES PARA A IGNORÂNCIA, DESCONHECIMENTO SOBRE O TEMA QUE SE ABORDA, E INCAPACIDADE PARA COMPREENDER O QUE (com a devida preocupação pedagógica no que respeita à explicitação sobre a filosofia socialista e comunista) fora escrito anteriormente?
Já lhe disse, e tornarei a faze-lo as vezes que forem necessárias, que o escopo da revolução Cubana não é a criação de um sistema democrático, mas sim de um sistema S-O-C-I-A-L-I-S-T-A! Será que terei de explicar tudo novamnete?Digam-me, do fundo do vosso coração, qual foi a parte que não perceberam: "O socialismo e o comunismo assemelham-se ao organismo humano nos diversos estádios do seu desenvolvimento apesar de se apresentarem como uma só formação científica e social. O segundo é a fase adulta do primeiro mas não sucede naturalmente ou por inerência. Os bens de consumo são distribuídos em função da contribuição de cada um, segundo a qualidade e a qualidade do seu trabalho, consoante o princípio “trabalho igual, salário igual”, independentemente do sexo, nacionalidade, etc. Já o mesmo não se pode dizer sobre o capitalismo, no qual milhões de indivíduos são lançados no esquecimento sem qualquer tipo de protecção (ex.: EUA). No sistema socialista persiste uma certa desigualdade social e económica: classe operária, camponesa e intelectual, ao contrário do sistema comunista no qual o escopo consiste na abolição do estado e das classes. No primeiro, o estado desempenha um papel fundamental no que respeita à harmonização social. O estado socialista conserva no seu âmago os desejos individuais tais como a avareza, o egoísmo e o desejo de viver à custa de outrem, e como tal, urge que se leve a cabo uma enorme sensibilização visando a amenização destes interesses. No segundo, tudo isto desaparece e os indivíduos viverão num sistema harmonioso e livre…Porventura, esta é a maior fraqueza do sistema: pensar que tal é possível quando do outro lado nos oferecem a ilusão, mesmo sabendo que dificilmente será palpável. Estaremos a apelar a algo impossível, a perfeição homem…Todavia, o cristianismo também o faz, e não é catalogado de “sonho irrealizável”.
Aproveito para vos aconselhar uns livritos pequenos (do género edição de bolso, para não vos ser tão penosa a leitura)sobre a definição de marxismo-leninismo, socialismo, comunismo, democracia, etc...
Portanto, a sua parangona intitulada por "a grande democracia Cubana" apenas revela a sua completa I-G-N-O-R-Â-N-C-I-A sobre o tema que aborda.
Quanto ao exemplo dado por vós (Chile e Pinochet) é deveras curioso que tenham referido,precisamente, um golpe de direita (apoiado pelo Departamento de estado americano e seus lacaios da C.I.A) contra alguém que pugnava por estabelecer um sistema socialista legitimamente eleito (Salvador Allende)...Bem sei que não sabem, mas enfim...acredito que isso não venha nas sebentas de Direito...
Segundo a vossa linha de raciocínio, aquilo "que se passa em Havana" é perfeitamente normal já que se trata de "uma ditadura"...Mas como é possível admitir que o "bastião" da Democracia e da Liberdade leve a cabo tamanhas atrocidades em todo o mundo? Será que o podemos branquear pelo facto de se tratar de uma Democracia?
"Sem liberdade, nenhuma luta vale coisa nenhuma": concordo plenamente, mas haverá possibildade de liberdade sob o jugo de um bloqueio?Quantas Democracias seriam capazes de lhe sobreviver? Não se esqueça que o escopo do sistema socialista consiste numa sociedade livre, desprovida de classes.
Quanto ao segundo texto,da autoria do senhor NAP, considero que foi dado o exemplo mais infeliz de todos...O Brasil é o paradigma de um sistema Democrático totalmente derrotado e desvirtuado.Democracia consiste na busca da Liberdade, mas que raio de liberdade é esta que fecha os olhos a tamanha miséria e desigualdade social?...mas há eleições, é verdade...
Este senhor Linares escolheu, com todo o critério, o país ideal para educar o seu filho...Com um progenitor destes...
Este indivíduo tinha um compromisso para com a sociedade Cubana: Esta concedeu-lhe o acesso a uma educação de escol e ele desvirtuou-o, não cumprindo com o seu regresso.
Quanto ao lema "pátria ou morte" e a consequente tentativa em transforma-lo num slogan de um regime totalitário,urge informa-lo que o lema dos EUA consiste em DEUS, PÁTRIA,FAMÍLIA (E DOLARES)...No que toca a informações oficiais, limito-me a dar o exemplo da pouca vergonha veiculada pela CNN e restantes estações independentes após o 11/09 e durante a mentira que consistiu a preparação da invasão do Iraque.
"Mas somente este processo de recolhimento das assinaturas demorou mais de três para ser concluído, pois o povo tem medo".- Talvez seja um medo semelhante ao sofrido pelas comunidades árabes durante as purgas após os atentados de Nova Iorque e Londres...Mas estamos a falar de Democracias e como tal, tudo se branqueia.

"Não é nada de graça, pois os salários são muito baixos. Um exemplo são os mais conceituados médicos ou o chefe do Departamento de Física da Universidade de Havana, que ganham US% 30 por mês, o que significa menos de R$ 100. Um chefe de departamento na Unicamp ganha entre R$ 4 mil e R$ 5 mil por mês".-
Salários baixos, exploração laboral??? Estaremos a falar do democrático Portugal ou da Democrata Índia, ou do Democrático Brasil? Pelo menos, na pátria do "ditador" Fidel existe qualificação profissional que permite obter bons empregos no estrangeiro...tal como o exemplo dado por este texto, e ninguém fica desprovido do mínimo essencial! (ex:redes de escolas equipadas com cantinas que fornecem refeições a todos os estudantes, sem diferenciação de classes)
Senhor NAP, acredito que tenha percorrido os famigerados motores de busca com o intuito de procurar qualquer coisa que denegrisse Cuba, o seu povo e o seu líder.
Todavia, eu não preciso de fazer o mesmo relativamente a alguns "bastiões Democráticos" (apesar de ser muito simples e acessível)já que, no decorrer de uma das extraordinárias conferências organizadas pela Elsa Uminho, um dos convidados foi um ex agente da C.I.A., por sinal exilado e que não pode ver os seus familiares (tal como o senhor Linares), já que se regressar incorre no risco de ir parar a Guantanamo (segundo o que se diz no interior do templo da liberdade, Casa Branca).
Segundo este ex agente, o povo americano acredita piamente em Deus, e que o mundo fora feito em 5 dias, tendo o congresso sido edificado ao 6º dia...

"ISTO (NÃO) É UMA GRANDE DEMOCRACIA" porque tenta ser um sistema S-O-C-I-A-L-I-S-T-A!
Alías, basta pegar num manual sobre o marxismo-leninismo, socialismo e comuniso para verificar que o conceito de Democracia não se confunde com estes, da mesma forma que lendo qualquer livro de Direito Constitucional concluirá que a dita (Democracia) em nada se revê na depravação na qual vivemos actualmente.
Elucidativo?

 
At 15 maio, 2006 21:33, Anonymous Anónimo said...

Caro "anónimo",
Permita-me a correcção mas a presença de um ex-agente da C.I.A não ocorreu numa das(e aqui concordo consigo) "extraordinarias conferências organizadas pela ELSA UMinho"...

JMC

 
At 17 maio, 2006 12:44, Anonymous Anónimo said...

Caro AFG,
Os seus comentários deixaram de ser elucidativos para se tornarem um ataque pessoal contra o NAP. Tenha paciência!
Percebe-se que ninguém o queira ouvir.
E perceba, de uma vez por todas, que por muito informado que esteja sobre o conflito israelo-palestiniano ou cuba, nada neste mundo justifica uma ditadura!!!!

 
At 19 maio, 2006 23:00, Anonymous Anónimo said...

Efectivamente JMC

Foi numa tanto ou mais extraordinária organizada pela Associação de Estudantes de Direito da UMinho.

 
At 20 maio, 2006 16:36, Anonymous Anónimo said...

"tanto ou mais extraordinaria" quê!??
Esclarecedor!

Karyaka de limao

 

Enviar um comentário

<< Home