30 abril 2006

Direito e assepsia

"Um jurista que só sabe de Direito nem de Direito sabe!"

O brocardo é conhecido e muitas vezes citado. Mas não deixa de ser curioso verificar que muitos dos candidatos a juristas apresentam manifesta debilidade de conhecimento para além das matérias do Direito, ou antes, para além das matérias que lhes exigem na aprendizagem em Direito.
Outros vão mais longe declarando-se defensores de espaços onde se fale, pense e discuta o Direito não permitindo (nem aceitando) que este seja afectado ou contaminado por orientações filosóficas e/ou políticas.
Subsiste a dúvida! Determinar se esta obstinação não foi a forma encontrada para escamotear ou camuflar as insuficiências de conhecimento que demonstram.
O Direito, quase sempre, vai atrás da realidade. Mas todos os juristas saberão reconhecer ao Direito uma vertente de conformação e orientação para um estado de sociedade que se idealiza.
Ora o Direito não pensa! - ainda que alguns nos queiram fazer crer o contrário, o Direito é pensado pelas pessoas e para as pessoas.
Logo quanto mais abrangente e pluridisciplinar for o conhecimento de um jurista maior será a probabilidade de ele fazer uma aproximação adequada às realidades que quer tratar ou conformar.
Como se consegue este desiderato? Através do estudo e da discussão das matérias que rodeiam as nossas vidas, todos os dias.
Estudo e discussão que permitam ao futuro jurista criar um pensamento próprio, com opinião sobre as soluções adoptadas em cada momento - aprovando-as ou não.
Não se percebe como é que há quem se insurja contra a abordagem de temas "para além do Direito" num espaço como este.
Queremos ser juristas, sim.
Mas queremos ser juristas com capacidade para pensar e decidir!

JL