25 maio 2006

"Estes juristas que nos governam"

Mário Bettencourt Resendes no DN de hoje:

"Quantas e quantas vezes não foram já revistos, nos últimos anos, os mais diversos códigos que definem o ordenamento jurídico do País? E como é possível que aconteçam episódios como o que se soube nos últimos dias, pelo parecer autorizado e insuspeito do prof. Gomes Canotilho, que nos diz ser inconstitucional a lei, aprovada em 1992, que regulamenta a corrupção na actividade desportiva? Quantos mais casos do género não existirão por aí, com resultados dramáticos para os milhares de horas de trabalho entretanto consumidas nas mais diversas instâncias do aparelho judicial?O nível de litigação subiu em flecha na sociedade portuguesa nos últimos tempos. É uma consequência natural do desenvolvimento económico que, por sua vez, impulsionou a profissionalização e empresarialização da advocacia para patamares semelhantes aos dos principais parceiros externos de Portugal. Não faltam sequer as filiais e os associados domésticos das grandes multinacionais do sector.Uma maior consciencialização, por parte dos portugueses, dos seus direitos de cidadania contribui ainda para que se jogue, na celeridade e eficácia da justiça, uma aposta fundamental para o progresso do País.
A complexidade e as constantes alterações do ordenamento jurídico podem representar, conjunturalmente, uma subida das facturações dos escritórios de advogados, mas o facto é que, no fundo, são horas de trabalho a mais, que não servem a ninguém e complicam a vida de muitos milhares. Assim o entendam, de uma vez, e procedam em conformidade, estes juristas que nos governam."
NAP

1 Comments:

At 25 maio, 2006 23:41, Blogger João Ferreira Leite said...

Meu caro,
De juristas apenas terão o título e o "canudo".
Não querendo generalizar, arrisco dizendo que uma boa parte integrará o pelotão daqueles que se prepararam para fazer cadeiras e se satisfizeram com esse mísero objectivo.
Pensamento jurídico e sensibilidade jurídica são coisas de românticos que continuam a pregar no deserto de ideias em que se transformou a academia e, em particular, o ensino do Direito.
Enquanto perdurarem os modelos quase medievos do ensino do Direito não acalente falsas expectativas.
Mas veja as coisas pelo outro lado do problema. Este status quo é terreno fértil para aqueles que se dedicam ao estudo (disse estudo!), investigação e leitura.
Demorará, porventura, mas o seu tempo chegará. Inexoravelmente!

 

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