06 dezembro 2006

Acerca da polémica da TLEBS

Desde o início do ano lectivo que se sucedem as discussões sobre a Nova Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). Todos os cidadãos, com ou sem conhecimento sobre o assunto, têm algo a dizer. Excluindo linguistas e alguns docentes, a opinião é sempre a mesma: para quê mudar a nomenclatura utilizada no estudo da Língua Portuguesa?
Quando falamos das Ciências Naturais, ninguém tem qualquer problema em reconhecer a necessidade de mudança face a novas descobertas capazes de alterar quadros teóricos mais do que enraizados. Mesmo recentemente, quando Plutão deixou de fazer parte dos planetas constituintes do Sistema Solar, não se verificaram quaisquer reacções relativamente à alteração que os Programas dos Ensinos Básico e Secundário poderão sofrer. Então, qual a razão de tamanha discussão à volta da TLEBS?
A Linguística também é uma ciência. Estuda a Língua e o uso que dela fazemos. E a Língua não é um objecto de estudo imutável, bem pelo contrário. A Língua muda todos os dias pelo uso que dela fazemos, pelas variações e desvios a que está sujeita. Só isso justifica que a Língua Portuguesa hoje, esteja cada vez mais distante do galaico-português de outrora. Todavia, o cidadão comum muito dificilmente se aperceberá das transformações que ocorrem na sua Língua Materna uma vez que estas são lentas e graduais.
Se o uso que fazemos de uma Língua hoje é distinto do uso que lhe era dado anteriormente, então os constituintes dessa Língua apresentam novas funções, pelo que a sua designação já não se coaduna com a que lhe era atribuída.
É necessário mudar! Difícil, mas necessário!A TLEBS apenas ajusta designações, não altera usos da Língua, essas alterações fazemo-la todos os dias quando comunicamos verbalmente.
Claro que a transição não será fácil mas é imprescindível. Os alunos aprenderão a TLEBS e quem dela faz uso todos os dias deverá actualizar-se (para isso servem as formações contínuas de Língua Portuguesa para o Ensino Básico e Secundário).
VV

1 Comments:

At 08 dezembro, 2006 13:17, Anonymous Anónimo said...

Caro agoraeu:
Quando refiro que os alunos irão aprender pela Nova Terminologia Linguística, não digo que eles terão que ter o mesmo grau de conhecimento que um linguista tem sobre a Língua. E digo isto enquanto alguém que estudou pela Nomenclatura Gramatical Portuguesa e está a ser formado para ensinar a TLEBS. Os alunos estudarão e utilizarão a nova nomenclatura para que todos os que estudam a Língua se entendam. Apenas isso. Não terão que ter um conhecimento da Língua Portuguesa como se fossem investigadores da área.
A TLEBS tenta ser exaustiva para poder abarcar todas as áreas fundamentais no estudo de uma Língua, bem como as que possam despertar dúvidas e/ ou interesse aos alunos. Além disso, é uma nomenclatura para o ensino básico e para o ensino secundário. Os alunos deste último grau de ensino que escolhem prosseguir os seus estudos em cursos de Língua Portuguesa não podem ter ilusões que lhes ensinem noções básicas da Língua ao longo do curso e muito menos que, nessa etapa da vida escolar, seja feita a introdução desta nova nomenclatura. Daí a necessidade de se implementar a TLEBS.
A antiga Nomenclatura Gramatical Portuguesa (publicada em Diário de Governo de Abril 1967) está mais do que ultrapassada. É fundamental a mudança. Não podemos continuar a ensinar a nossa Língua como se em 39 anos esta não tivesse mudado.
Por outro lado, eu também acredito que, se não estivéssemos a passar por fortes contestações resultantes das alterações ao Estatuto de Carreira Docente, todos os professores estariam a receber a TLEBS muito mais pacificamente. Qualquer medida tomada pela senhora Ministra de Educação é, neste momento, considerada um atentado à dignificação dos professores.
Agora que a TLEBS já está a ser implementada vou esperar para ver como é que os professores a implementam nas suas práticas pedagógicas.
VV

 

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