19 janeiro 2006

Os currículos em português

Acabo de ler cerca de 100 currículos. Começo a perceber o porquê de muita gente estardesempregada. O anúncio pedia, entre outras coisas, conhecimentos de inglês e francês e cartamanuscrita. Em 1º lugar: de 123 currículos recebidos, apenas cerca de metade enviaramefectivamente, CARTA MANUSCRITA. O que é que se passa? Não sabem o que é uma cartamanuscrita? Para muito boa gente, uma carta manuscrita, é uma carta assinada à mão.Desenganem-se: uma carta manuscrita é uma carta ESCRITA à mão. Daha!!! Houve até quemnão se desse sequer ao trabalho de assinar a carta à mão. No que toca às línguas, desde classificações de institutos de línguas conhecidos edesconhecidos, ou de má reputação (como o Wall Street) ao francês inexistente, poucosresponderam ao pretendido. O que uma empresa quer saber quando pede conhecimentos delínguas é se esses conhecimentos são bons, maus ou razoáveis. Simples, prático. Nãopercebo qual é a dúvida. Isto para não falar em erros ortográficos e de sintaxe, em cartas de apresentaçãoenviadas em folhas de caderno ou de desesperados que nos vêm bater à porta da empresaa perguntar (2 dias depois de ter saído o anúncio) quanto tempo vamos demorar a fazera selecção. As coisas estão más, eu sei, mas há que ter paciência e postura. Fiquei abismada com a falta de capacidade para uma coisa tão simples, emboraimportante, como o responder a um anúncio.E agora, ironias à parte, é triste. É realmente muito triste.
Olívia Santos

25 Comments:

At 19 janeiro, 2006 21:53, Anonymous Anónimo said...

Seja bem vinda a esta "casa"!
Sobre o tema, há peripécias - tantas - que davam para fazer um clássico de "apanhados".
E será que têm culpa?
Também, mas não se poderá deixar de imputar responsabilidades a um sistema de ensino que não ensina.
Não se exige, nivela-se por baixo e depois espera-se que o êxito nasça de geração espontânea.
Não! Assim não.

 
At 20 janeiro, 2006 16:42, Anonymous Anónimo said...

Caro jl:
Não podemos deitar as culpas de tudo no sistema de ensino.
As pessoas têm que ter, ou, pelo menos, fazer por ter, uma certa dose de bom senso.
Eu tive, no liceu, há já muitos anos atrás, uma disciplina que se chamava "Prácticas Administrativas" onde se ensinava regras básicas sobre o tema. Mais tarde, o professor de português do 11º ano, fez o favor de ensinar a fazer cartas de apresentação e currículos. Eu até fiz currículos no 1º ano da Universidade, em português, em espanhol e em inglês.
Sorte a minha, não?!!
Entre na livraria mais próxima e encontra livros sobre o tema. O IEFP fornece manuais bastante fáceis de utilizar acerca da procura de emprego. Já existem até livros com exercícios que se fazem nos testes psicotécnicos. E há também aquela ferramenta poderosíssima que é a internet, sim, que não serve apenas para ter um endereço de correio electrónico.
E, quando não se sabe, que tal perguntar a alguém que saiba?
O que se denota é desleixo, falta de interesse e pouca vontade de trabalhar.
Desculpe, caro jl, mas não, não têm desculpa.

 
At 20 janeiro, 2006 17:48, Anonymous Anónimo said...

Ora aí está um tema fulcral para os jovens em geral e os estudantes universitários em particular! E, para mais, ainda não tinha sido abordado no Casino. Muito Bem!!

 
At 24 janeiro, 2006 12:58, Anonymous Anónimo said...

Olívia,
Comecei por afirmar que têm culpa e acompanho-a nas considerações que faz sobre as inúmeras fontes e ferramentas de que se podem socorrer para o efeito.
Quando introduzi a referência ao ensino reportei-me, concretamente, ao sistema de ensino.
As pessoas não são treinadas a pensar mas antes a reproduzir, tautologicamente, aquilo que lhes "debitam" na sala e/ou nos livros.
Caso contrário e depois de produzido o documento (Ex: CV), bastaria olhar para ele e perceber que "aquilo" não se apresenta a ninguém nem deveria servir de apresentação a ninguém.
Quanto mais não fosse pelo sentido estético mínimo que as coisas deverão ter mesmo num ambiente empresarial.
Mas isso a maioria não é capaz de fazer não por incapacidade mas por manifesta falta de preparação e treino.
Era apenas a isso que me referia.

 
At 25 janeiro, 2006 09:32, Anonymous Anónimo said...

Caro jl,
Diz-me que: "Mas isso a maioria não é capaz de fazer não por incapacidade mas por manifesta falta de preparação e treino.
Era apenas a isso que me referia."
E é precisamente nisto que o contradigo, porque a grande parte das pessoas a que me refiro, durante 4 ou 5 anos (ou mais) não demonstraram interesse nenhum na vida profissional.
Concordo consigo no que toca ao sistema de ensino português: tem realmente muitas falhas, mas os seus educandos têm a incapacidade de se tornar melhores, e de se acomodarem na posição confortável que é não arregaçar as mangas e ficar à espera que o mundo do trabalho seja uma segunda etapa da vida universitária.

 
At 25 janeiro, 2006 12:21, Anonymous Anónimo said...

convinha era que o texto não apresentasse gralhas...

 
At 25 janeiro, 2006 22:06, Anonymous Anónimo said...

Olívia,
A manifesta falta de preparação e treino a que me refiro resulta de uma formação que, ao invés de ser orientada para a auto-aprendizagem, investigação e experimentação, conduz os indivíduos a operarem de acordo com esquemas mentais em que a A corresponde B e a C corresponde D. Se o caso se apresentar não enquadrável em A ou C então temos "um problema" insolúvel. Caos!
Condescender e pactuar com estas fragilidades redunda no nivelamento por baixo e indutor de um fracasso endémico que se observa na generalidade dos indivíduos. E que leva a maior parte deles a buscar soluções de facilidade e de oportunidade onde a exigência não ocorra e onde o sucesso possa ser alcançado não importa a que preço.
Importa, sim, é estar e ficar "bem de vida"!

 
At 27 janeiro, 2006 13:36, Blogger Mário Chainho said...

Eu de certeza é que nunca quereria trabalhar para um local onde pedissem currículos em cartas manuscritas...

Diz tudo sobre a falta de adaptação aos tempos que estão aí para virem.

 
At 27 janeiro, 2006 18:47, Anonymous Anónimo said...

é para ver se a letra é bonita...

 
At 28 janeiro, 2006 14:44, Anonymous Anónimo said...

Realmente, o ridículo do pedido "carta manuscrita" não merece o post crítico que é feito aos candidatos. É ridículo o pedido!

 
At 29 janeiro, 2006 23:31, Anonymous Anónimo said...

Percebo a "indignação" dos últimos comentários acerca do pedido do CV manuscrito, mas têm de perceber que muitas empresas assim os pedem para analisar o prório tipo de caligrafia do candidato, dizem que uma forma de avaliar as pessoas é pela sua caligrafia... o que a mim me deixa sérias dúvidas. É também, pelo menos uma forma de analisar o nível do português escrito, já que de português falado, toda a gente sabe que o português é treteiro por natureza (basta ir a um centro de saúde à 2ª feira de manhã) :))

 
At 30 janeiro, 2006 20:02, Anonymous Anónimo said...

O importante da questão, que parece ter passado despercebido, não é o facto de ser moderno ou ridículo ou justificável o pedido de carta manuscrita.
Não atender a esse pedido é que é grave, pois demonstra a falta de capacidade de interpretação.
Assim se eliminam candidatos a um emprego.

 
At 12 fevereiro, 2006 18:26, Anonymous Anónimo said...

Não percebo a questão. Cartas manuscritas, porque não?
Já não sabem escrever à mão?

 
At 18 fevereiro, 2006 10:43, Anonymous Anónimo said...

Nao sei se sabe mas a leitura de CVs esta protegida por sigilo. Fazer comentarios tao generalistas sobre os CVs alheios ainda lhe podem trazer dissabores...

 
At 23 fevereiro, 2006 23:21, Anonymous Anónimo said...

Por favor,podem informar-me onde é que fica a slot machine?venho aqui ja la faz algum tempo e nunca a encontrei!!!

 
At 23 fevereiro, 2006 23:24, Anonymous Anónimo said...

Caro anónimo tenho-me questionado sobre o mesmo à algum tempo.
Agradecia se nos pudessem esclarecer, porque isto de ter um casino sem slot machines é uma vergonha.
Grato desde já pela disponibilidade
Cumprimentos

 
At 01 março, 2006 16:14, Anonymous Anónimo said...

É um modo de eliminação ....há que estar atento.
Gostei imenso deste blog.

 
At 09 março, 2006 00:29, Anonymous Anónimo said...

Gostaria apenas de me referir ao comentário que fala na confidencialidade dos currículos...
Sinceramente, não percebo - onde é que está a quebra de sigilo? Do que li, pareceu-me que é até um post bastante útil para quem depois da Universidade (ou quando ainda por lá anda) vai tentar responder a uns anúncios, sim, porque a vida não está fácil para ninguém...
Se calhar muitos de nós pensamos que "já não se usa" cartas manuscritas, mas se pedem, se estamos mesmo interessados no anúncio, o que é que custa satisfazer o pedido de quem está a recrutar?
Embora me pareça um pouco redutor excluir uma pessoa por esse motivo, porque aquilo que devia importar são as capacidades de fazer ou não uma determinada tarefa, se pedem a tal carta manuscrita deverão ter as suas razões.
Cumprimentos
D.

 
At 09 março, 2006 02:06, Blogger Mauro Pereira da Silva said...

Interessante seu texto. Me pareceu estar lendo um comentário daqui, do Brasil. Estamos com o mesmo problema, é um fenômeno mundial (os americanos, os ingleses, os franceses) reclamam da mesmissima situação. Aqui no Brasil as empresas tem de literalmente "suar a camisa" para conseguir um bom funcionário. Inclusive algumas vagas são preenchidas porque não se acha o empregado com o perfil certo para o cargo. Depois, sabes o que eles fazem? Vão para outros paises. Eu particularmente acho uma OBSCENIDADE um brasileiro sair do país em busca de emprego. É estranho, pois somos um país de estrangeiros (portugueses, alemães, italianos, japoneses), pessoas que vieram para cá e muitos ENRIQUECERAM. E o brasileiro nato não consegue? Posso imaginar porque. Inclusive temos aqui, dizem, cerca de 9 milhões de portugueses, praticamente um outro Portugal e cabe mais, o país é imenso, tem muita terra vazia, muitos recursos. Por isso é um absurdo que alguns não consigam trabalho e acabam saindo do país, indo inclusive para Portugal. E devo dizer a vocês: os que saem do país são puro lixo. São fracassados, pessoas sem formação nenhuma, que não conseguiram nada por aqui e certamente não conseguiram nada por aí.

 
At 09 março, 2006 02:09, Blogger Mauro Pereira da Silva said...

Complementando: tudo isso passa pela (1)má formação, (2) preguiça, (3) comodismo. Óbvio que uma empresa não contratará um imbecil, sem criatividade, sem formação e principalmente, sem leitura.

 
At 12 março, 2006 11:57, Anonymous Anónimo said...

Phylos, se os emigrantes brasileiros são fracassados, puro lixo, o que dirás dos indivíduos brasileiros que se dedicam à criminalidade? O que dirás dos marginais? O que dirás dos brasileiros que não conseguem manter um país que crie condições para que os seus filhos não tenham de procurar oportunidades para melhorar a sua vida fora da sua terra natal? Que tal olhar para o que tens dentro do país e deixares de criticar os que tiveram a coragem de ousar procurar uma vida melhor, mesmo que, à primeira vista pareça impossível?

 
At 13 março, 2006 11:24, Anonymous Anónimo said...

Relativamente ao comentário de D., no que toca à eliminação de candidatos concordo que, à primeira vista, possa parecer redutor, mas o simples facto de não acederam ao que é pedido no anúncio é que os elimina porque demonstra falta de interesse.
O meu post inicial foi escrito na tentativa de chamar a atenção para um problema que muitos estudantes, em particular os recém-licenciados, têm. Acham sempre que as coisas caem do céu. E como, de um modo geral, até fizeram a licenciatura com uma perna às costas, pensam que no mercado de trabalho as coisas funcionam da mesma maneira.
Não imaginam a dificuldade que existe em encontrar um bom profissional. Uma pessoa que não vá a uma entrevista com uma atitude arrogante de quem sabe tudo e que, em poucos meses, demonstra precisamente o contrário.
Achei que era importante chamar a atenção para isso. Alguns dos comentários feitos ao meu post provam que tenho razão.

Quanto ao comentário de phylos, gostaria apenas de dizer que não é verdade que as pessoas que deixam o seu país-natal são fracassadas. Concordo que as oportunidades, por vezes, são desperdiçadas, mas há pessoas que simplesmente são grandes demais para o país em que vivem, seja ele o Brasil ou Portugal.

 
At 14 março, 2006 00:52, Anonymous Anónimo said...

Ao dizer redutor não quis dizer que não houvesse razão para tal pedido... Aliás, o meu comentário refere-se precisamente ao facto de se queremos singrar no mundo profissional, temos que procurar, lutar e, quando encontramos algo que nos interesse, devemos precisamente tentar ir ao encontro do que quem recruta procura, desde que não estejamos a enganar ninguém. Ou seja, todos nós temos características diversas, se quem recruta procura apenas algumas das que nós temos, é a essas que temos que dar relevância, naturalmente, sem fingimentos, sem hipócrisias e sem deixarmos de ser nós próprios. Quanto à arrogância que refere, só posso falar da minha experiência e esperar que, assim como as suas mensagens possa ajudar... Já saí da Universidade há algum tempo, uma das coisas que mais me ajudou foi ter consciência que sabia pouco, pois o "mundo real" é tão diferente dos "casos práticos" universitários, fui humilde e não me envergonho, pois mostrei sempre vontade de aprender e isso deu frutos....
Já agora uma curiosidade, não resisto... Qual é mesmo o objectivo da carta manuscrita? Certamente não é só para ver quem sabe interpretar o anúncio?...
D.

 
At 14 março, 2006 02:27, Anonymous Anónimo said...

D.,

Uma carta manuscrita, a nosso ver, demonstra postura e atitude, torna a candidatura mais pessoal, sem deixar de ser formal. É tão simples quanto isso.
Depois, claro, há empresas que analisam a caligrafia, o que não é o nosso caso.
Vemos se a letra é legível, se não há erros de português e se a carta, no geral, tem uma apresentação cuidada.
Espero ter sido útil...

 
At 27 junho, 2006 01:25, Blogger Mauro Pereira da Silva said...

Respondendo: se os que saem do seu país são grandes demais, me diga, querida, porque os formados, inteligentes, de nivel, preferem ficar em seu pais, sem precisar sair? Só saem os que fazem trabalhos braçais, de baixa qualidade, de baixa qualidade. Talvez por isso se explique a grande quantidade de malandros praticando crimes em outros paises. Quanto ao outro comentário, criminosos existem em qualquer lugar do mundo, sendo imigrantes ou não. Esse assassino serial, que matou 5 moças em Portugal, é brasileiro? Não, é um portugues legitimo. Chiça porco!

 

Enviar um comentário

<< Home