01 janeiro 2007

Controlo - sim ou não?

No texto "Endoidou!" fiz algumas considerações que mereceram resposta de alguns dos nossos leitores.

A palavra controlo (ou o que quer que se faça com esse objectivo) merece, da generalidade dos portugueses, uma reacção desconfiada e, quase sempre, desproporcionada. Ainda perdurará por muito tempo no nosso código genético aquele que foi o resultado de uma formatação educativa/cultural que nos colocava sob o domínio de um regime que decidia por nós.

Tudo o que possa sentir-se como próximo desse modelo tende a ser rejeitado!

Mas já não será perceptível que reajam também desse modo aqueles que têm a responsabilidade de dirigir um serviço. Por isso são (ou deveriam ser) directores de serviço.

Com capacidade e competência para o exercício dessas funções, sabem que controlo numa actividade que usa recursos (sempre escassos) significa tão só a recolha de informação que possa optimizar a sua afectação na prossecução dos objectivos pretendidos e nunca o contrário.

Por isso não consigo conceber que seja possível a um profissional da saúde declarar que "Estar no hospital depois de carimbar o dedo não é sinónimo de produtividade".

Ou que "os melhores e mais cumpridores médicos... com esta medida, passarão menos tempo no Hospital".

Expliquem-me ou então serei levado a concluir que os ditos directores de serviço só o eram de nome.

7 Comments:

At 01 janeiro, 2007 21:25, Anonymous Anónimo said...

Dispensa comentários.
Para bom entendedor...

 
At 01 janeiro, 2007 21:28, Anonymous Anónimo said...

Só uma nota: os melhores e mais cumpridores médicos que conheço passam no hospital muitas horas para além do seu horário, vão trabalhar em dias de férias (não me contaram, eu vi!) e dispensam colocar o dedo para trabalhar afincadamente.

Entende?

Já agora, os juízes também vão ter que colocar o dedo na máquina?

 
At 02 janeiro, 2007 01:39, Anonymous Anónimo said...

Meu caro Pedro,

Tal como dizes, os bons médicos dispensam, eventualmente, o grande esforço físico e psicológico de esticar um dedo para um aparelho controlador da sua actividade profissional.
Não deviam, no entanto fazer esse esforço, até para dar o exemplo àqueles outros profissionais (não me disseram, eu vi!)que chegam sistematicamente atrasados, com um descaramento e um à-vontade que me deixam perplexos...? e mais, que assinam 4 horas extra, quando na realidade fazem apenas 2 (isto, claro está, depois de terem chegado atrasados!)...
Em ralação àqueles que trabalham em dias de férias, merecem o meu aplauso, o que em nada interfere com a minha anterior opinião.
Quanto aos juízes, o mesmo princípio se deve aplicar, não tenho qualquer dúvida quanto a isso...Apenas uma pequena dissonância: os médicos não têm cirurgias ou consultas para fazer em casa...

 
At 02 janeiro, 2007 13:45, Anonymous Anónimo said...

Não têm cirurgias mas têm que levar para casa para estudar o caso difícil para o qual ainda não acharam umaresposta cabal. Têm que ler e que se actualizar...

Fico à espera de um post em que se insurjam contra a falta de fiscalização do horário dos juízes... Fico à espera de um post em que se insurjam contra os juizes que chegam atrasados... Contra os advogados que não pagam impostos e que enganam os clientes... Contra os juristas que são pagos a peso de ouro para emitir pareceres que eu mesmo, que não percebo nada de direito, podia ter escrito.

Ao menos eu admito que há corporativismo na classe médica (embora neste caso esteja certo que não é disso que se trata!). Vocês apontam o corporativismo aos médicos e silenciam o corporativismo dos agentes do direito em Portugal.

Mais,
Comparemos as estatísticas da saúde em Portugal com as dos restantes países do MUNDO e façamos o mesmo com as da justiça...
Não tenho dúvidas de que estamos bem mais adiante na saúde que na justiça. Aliás, há temas médicos em que somos considerados um exemplo para outros país. A nossa justiça não tem sido grande exemplo para ninguém.

È por termos médicos tão maus tão maus que evoluímos tanto na saúde, não é?

P.S. - este debate é exactamente o que este governo pretende. Quer por toda a gente contra a gente fazendo passar a ideia de que os professores são uns vigaristas, agora de que os médicos são incumpridores... Quem se seguirá?

 
At 03 janeiro, 2007 00:11, Blogger João Ferreira Leite said...

O interesse (ou a falta dele) de se introduzir alterações num determinado modelo de funcionamento não se afere nem pode aferir pela sua inexistência ou ainda não utilização noutros modelos ou sectores de actividade.

Fosse assim e não conseguiríamos inovar e/ou evoluir.

Neste caso (e é isso que tenho contestado) a reacção daqueles que deveriam ser os primeiros a aplaudir iniciativas que conduzam à optimização dos recursos que supostamente gerem não é consentânea com o seu estatuto de direcção.

Não pretendo defender o governo ou a sua política mas, tão só, verificar que, quando se fala de controlo (de gestão!), todos se escandalizam porque se está a atentar contra a dignidade dos médicos.

O que é que verdadeiramente está em causa?

Reconheçamos, pretende-se saber quem está, onde está, quando está e a fazer o quê!

Depois de recolhida a informação saber-se-á se se pode fazer diferente e para melhor, naturalmente.

Não o tendo ouvido ainda mas acredito que se pretende que as coisas aconteçam nunca contra os médicos mas com os médicos.

 
At 03 janeiro, 2007 13:45, Anonymous Anónimo said...

Ainda estou à espera que o senhor Pedro Morgado apresente um argumento plausível para a defesa da sua dama.Não,não... denegrir os juristas em geral e atirar uma série de argumentos falaciosos e repletos de sentimento de menoridade perante os juízes e advogados não vale...
Alías, estes comentários do senhor P.M. são dignos de um ignorante de pacotilha e não de alguém que estudou durante 3 anos para lograr alcançar um 19 para ingressar na faculdade.Mas estou em crer que é sintoma do velho vírus "mentalitatis irridutibilis" que assola quase toda a popluação portuguesa.

 
At 14 janeiro, 2007 17:38, Anonymous Anónimo said...

Não sou de todo avessa à mudança. Caminhamos para a privatização da saúde em Portugal. Nos hospitais públicos ficarão os piores profissionais pagos a pouco mais à hora do que empregadas de limpeza (os primeiros a receber 9-10€/ hora obrigados a descontos e impostos e as 2as a 5-6€/h limpos). Para o sector privado serão escolhidos os melhores, pagos condignamente tendo em conta a diferenciação que alcançam. Tanto no público como no privado, só fará inscrição o doente que levar na mão um cartão de um qualquer seguro de saúde (segurança social ou outro, privado) dentro da validade. Se tal não possuir, pode sempre ficar no passeio a ver passar as ambulâncias... para confortar a alma. Mas também, quem vai querer pagar impostos do seu bolso para pagar cuidados de saúde a quem não os paga? Algum de vocês quer comprar menos um par de meias para comprar uma caixinha de antibióticos para o Zé Ninguém que delira de febre? Tenho a certeza que não.
É para aqui que caminhamos.
O próximo passo será reduzir as listas de espera na justiça!

 

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