Endoidou!
Decididamente, não lhe tomam o jeito.
"Demitiram-se 19 dos 25 directores de serviço do Hospital Pedro Hispano. Estão contra o controlo da assiduidade por impressão digital nesta unidade de saúde." - in JN, 29.Dez
Pergunta-se:
1 - Se estão a cumprir as normas quanto à pontualidade e assiduidade a que se encontram vinculados, onde está o motivo desta reacção?
2 - Consideram-se intocáveis a quem não podem ser aplicadas soluções que visam o cumprimento dos objectivos que a lei impõe?
3 - Ou pretendem continuar a tirar partido do melhor dos dois mundos, o público e o privado?
Fica-se na expectativa.
8 Comments:
As perguntas que faz revelam um profundo desconhecimento da realidade da profissão médica.
Está preocupado com o atendimento aos doentes? Então as perguntas têm necessariamente que ser outras...
Que este governo não tenha a veleidade de achar que pode fazer aos médicos a indecência que fez aos professores. Com o que fez assassinou o ensino público. Estamos certos que pretende aniquilar o SNS.
Pedro Morgado,
O SNS foi idealizado e construído em função dos doentes.
As restrições financeiras em que o Estado se encontra impõem soluções que, aparentemente, desvirtuam aquele grande objectivo.
Agora o que tem vindo a verificar-se (alguns chamam-lhe conduta de defesa corporativista) é a apropriação do SNS pelos médicos. E essa é inaceitável!
Os médicos deverão estar ao serviço do SNS e nunca o contrário. E juntos, a favor e em defesa do doente!
Reconheço o meu desconhecimento do que seja a profissão médica. Não o sou nem tenho ninguém na família que a exerça. Mas já lhe posso afiançar que sei o que é ter uma profissão e o que isso implica de cumprimento de obrigações e de actuar na prossecução dos objectivos para que se é contratado.
Pelo que não o acompanho no teor do 3º parágrafo.
Não se trata de veleidade mas tão só de fazer cumprir aos médicos aquilo que já é prática comum e inquestionável em quase todos os serviços da Administração Pública.
Porque escrevo a pensar nos doentes, quanto ao assunto do texto convido-o a circular nos serviços dos hospitais. Sei que é a sua área de futuro mas poder-lhe-ei ser útil como cicerone.
Conheço o meio.
"Agora o que tem vindo a verificar-se (alguns chamam-lhe conduta de defesa corporativista) é a apropriação do SNS pelos médicos. E essa é inaceitável!"
Esta informação carece de comprovação. Caso contrário é uma mera opinião. Duvido que consiga demonstrar o que afirma.
A produtividade médica não se mede às dedadas e isso só é apercebido por quem vive todos os dias nos corredores de um Hospital público.
Já agora, tenho a infelicidade de ter que ser utente do IPO e digo-lhe que tenho esbarrado na incompetência adminsitrativa e burocrática do país. Aos médicos que me acompanham nada tenho a apontar. Reconheço, contudo, que há maus profissionais (como em todas as profissões).
Mas fazer guerra generalizada aos médicos do SNS levará a uma sangria dos melhores e dos mais cumpridores profissionais.
Estar no hospital depois de carimbar o dedo não é sinónimo de produtividade. Será que o senhor Ministro não vislumbra isto?
Este governo elegeu os médicos como novo alvo. É curioso que quando os juízes foram alvo do Governo, juntaram-se todos na defesa (corporativista) dos mesmo em nome da Justiça. Agora acusam os médicos de corporativismo.
Coincidências.
O cumprimento escrupuloso do horário de trabalho pela classe médica resulta numa quebra brutal da produtividade já que todos aqueles (a grande maioria) que trabalhavam centenas de horas sem ser remunerados por amor à camisola, deixaram imediatamente de o fazer... para cumprir o horário. Por exemplo, como uma cirurgia que começa às 19h00 não pode ficar a meio porque médicos e enfermeiros saem às 20h00, não se faz, adia-se. Como o número de consultas excede quase sempre o nº de tempos de consulta e ultrapassa quase sempre o horário de saída do profissional que as faz, não se marcam. Tudo para cumprir o horário. Se a tutela manda cumprir a lei, a lei cumpre-se. E de imediato, se vislumbra a grande vantagem: quantos menos doentes se virem e menos cirurgias se fizerem, menos dinheiro é gasto pelo SNS. Esta é apenas a antecâmara para a privatização em massa de Serviços e Hospitais e para a grande escalada das Seguradoras! Daah!
Sobre a apropriação, a afirmação não é minha nem é feita no sentido literal do termo. O que se verifica é a atitude obstinada da classe médica em resistir a quase todas as iniciativas que se tomem no âmbito do SNS e que julguem contender com o seu estatuto que assumem como intocável.
De facto, a produtividade não se mede às dedadas mas admitir que os médicos possam "estar no hospital" e isso não significar produtividade já é grave, muito grave.
Isso seria colocar os médicos num patamar de parasitismo voluntário o que, julgo, não é consentâneo nem com o estatuto nem com o juramento que um dia fizeram.
Entender que colocar um controlo de pontualidade e assiduidade é fazer guerra generalizada aos médicos já não concordo.
Qualquer organização que vise a prossecução de objectivos e a excelência dos resultados submete tudo e todos a um controlo que visa isso mesmo.
Os melhores e mais cumpridores profissionais nada têm a recear com este tipo de medidas. Bem pelo contrário, será um meio a juntar a outros que existam já e que permitirão fazer a diferença entre os elementos da classe.
Discordo totalmente com o último parágrafo. A equiparação dos médicos a operários fabris (algo que até agora não se fez com juízes ou advogados), não faz a diferenciação dos que são melhores ou excelentes. Nivela-os a todos com recurso a uma medida de tempo. Aliás, já antes os melhores e "supra-cumpridores" receberam cartas dos Conselhos de Administração para não produzirem tanto porque estavam a gastar muito dinheiro ao sistema... M.
Eu conheço os melhores e mais cumpridores médicos do Hospital de S. Marcos e do Sra da oliveira e garanto-lhe que com esta medida passarão menos tempo no Hospital.
O medo da mudança encalhou este país no século XVI e pelos visto não há maré cheia (novas gerações) que o remova.
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