Transparências
O trabalho jornalístico é ingrato. É feito por profissionais (partamos deste princípio) que procuram objectividade e imparcialidade. Buscam o facto, a situação concreta, sem preconceitos, nem subjectividades. Conseguem-no? Não. Claro que não.
E erro crasso será pensar que esta suposta verdade factual pode ser transmitida por um sujeito, fonte de subjectividade. O bom jornalista sabe qual é o ideal; sabe que deve tentar ser frio, objectivo nas declarações que recolhe e livre de pressões ou pré - juízos. Mas sabe igualmente que, por mais que tente, há sempre emoção e subjectividade à mistura. Faz parte da natureza humana.
Vem isto a propósito da posição de princípio assumida pela Rádio Renascença relativamente à questão do referendo ao aborto. A RR posicionou-se contra, desde logo. Sinceramente acho bem. Entendam-me: não no que concerne à posição em si mesmo, da qual discordo em absoluto, mas da actuação propriamente dita.
É claro que é muito mais simples para uma emissora católica tomar esta posição. Pois é. Mas seria mais cómodo nada dizer, ficando tudo mais ou menos envolvido num nevoeiro de suspeita e burburinho. Mas precisamente por ser uma emissora católica, e por ser Igreja Católica categórica nesta matéria, à RR se impõem exigências acrescidas de transparência e rigor.
É sempre muito mais sensato afirmar o óbvio do que escondê-lo.
NAP
5 Comments:
Confesso que não vejo o objectivo deste texto... se querem assumir uma posição pró-aborto, podem fazê-lo abertamente!
É preferivel que as entidades da comunicação social digam clara e honestamente qual é o seu partido. Porque eles tomam sempre ou quase sempre (leia-se: revelam certas tendências), através no mínimo, da sua linha editorial.
Lá fora estas tomadas de posições são normais, em Espanha, aqui tão perto, à mesmo jornais que se sabe que estão ligados a uma ou outra ideologia.
Não vejo isso como uma limitação para os jornalistas, a eles nem sequer compete dar uma opinião.
É claro que há várias formas de dar uma notícia e a subjectividade do relato da verdade factual advém dessas variadas formas de dar uma notícia.
É discutivel que este tipo de orientação, provoque um mau jornalismo, a subjectividade existirá sempre.
Resta saber se a RR, com este apoio assumido ao "Não", vai ignorar completamente o "Sim". Se o fizer, aí sim, estará a faltar à verdade factual.
Para mais sobre o assunto, consultem este post no Blasfémias:
http://ablasfemia.blogspot.com/2006/12/direito-do-jornalista-opinio.html
João:
o objectivo do texto é o de sublinhar aquilo que eu considero importante na posição da RR: a opção pela transparência, sem deixar de procurar o rigor.
Quanto à minha posição, disse expressamente no texto que sou a favor da despenalização. O JL, também já teve a ocasião para se pronunciar acerca do tema e com igual posição.
Compreenderá que cada um defende (se assim o entender) a sua dama. Mas por si próprio. O casino não tem posição. Como aliás nunca teve.
NAP
Depois de ler o 1o comentário ao post confesso que me apetece assumir uma posição "pró-liberdade de expressão"...Mas isso, hoje em dia, está visto q não conta!
JMC
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