07 novembro 2006

Querida oposição

A vontade para discutir as ideologias partidárias não é muita nos dias de hoje. De qualquer forma, é mais que evidente que entre aquilo que o governo PS, de esquerda, concretiza (ou discursa) enquanto governo não andará muito longe de um governo PSD, de direita. Diferenças de estilo, discurso, pose - tudo acessório. No essencial, grosso modo, as coisas seriam idênticas.
Porém, ao contrário do que se possa pensar, esta leve irritação do PSD face à impossibilidade de se "opôr" verdadeiramente ao governo, parece-me (repito: parece-me) mais ensaiada do que real. Digo isto por que o ímpeto reformista de Sócrates vai resultar, como já é visível, num desgaste profundo da imagem e do corpo governativo. O PS sabe-o, o PSD também. Mas os socialistas não podem voltar atrás- já bastou Guterres. E como explicou Pulido Valente, o PSD tem consciência de que o "trabalho sujo" está a ser feito pelo PS. Daí que na cabeça de Mendes é tudo uma questão de tempo; com a casa (mais) arrumada tudo fica mais simples. Até lá ensaia-se uma oposição... talvez.

NAP