30 novembro 2004

Valores (a [des]valorização de uma geração)

Concentro-me, foco-me e apercebo-me algo amedrontado que esta é a minha geração. Amedrontado não pelo fugaz esquecimento das passadas, ou pela distância longínqua com que se apresentam as futuras, mas irradia-me o verdadeiro esquecimento da presente. Em todos os momentos de um qualquer ciclo, existe obrigatoriamente a quebra, a ruptura que obriga e obstina à mudança, ao desatino. Neste tempo, nestes tempos, vejo oculta ou obnubilada uma qualquer lufada de ar fresco, um sentir interno e profundo que guia os nossos passos e firma as nossas ideias.
A aprendizagem de uma axiologia, de um conjunto de preceitos de entre os quais através da razão crítica e especulativa nos leva ao entendimento de certas questões, parece-me ter hoje caído no esquecimento. Hoje há educação, hoje, num “mundo de liberdade” não há limites, fronteiras ou barreiras, tudo se pode ensinar, e como assim é, nada se ensina, pois a liberdade é total. Não que esta seja um entrave ao enriquecimento, muito pelo contrário. Mas quando o conhecimento está espartilhado em todo o abrir e fechar de olhos, é olvidado pelos pais que a introdução de uma axiologia, de um conjunto de valores, é por si só, importante. Embora na verdade o seja.
Esta liberalidade deve incluir uma saudável porfia em relação aos conceitos que regem os juízos de valor na nossa construção como seres humanos. Os conceitos de bem, belo, verdade, justiça, sagrado (e outros de ordem espiritual), são hoje em dia deturpados, camuflados e/ou dissimulados em fenómenos conforme as conveniências deste ou daquele. O homem-massa, o ser social, absorve, acumula para si um conjunto de conceitos que acriticamente perpassam de geração em geração. Hodiernamente, a educação baseia-se essencialmente nos meios de comunicação, que em bátegas afectam o nosso dia a dia. O exasperado ritmo de vida, o frenético deambular quotidiano leva‑nos a procurar momentos de ócio, que em muitos casos não se coadunam com uma salutar conversa com a prole. Dai que resta aos fenómenos, sejam eles de que índole for, (des)informar os mais novos, quando não devidamente esclarecidos, de forma a despontar a análise ou apreciação desse fenómeno. É deixado assim às escolas a árdua tarefa (a pungente discussão) de educar. Não me debruçarei sobre essa discussão, se lhes compete ou não vocacionar essa aprendizagem. A verdade é que também não a executam, por causa da ligeireza de certos professores que acham que a educação é feita em casa, ou da exaustiva abrangência da matéria a leccionar.
Moribundos, lacónicos e de um complexo axiológico frívolo, sobrevivem os da minha geração,… espero que despertem a tempo de não ramificar este não saber para aqueles que serão os filhos do amanhã…


A criança é o pai do homem
Willian Wordsworth
__________
PSB

2 Comments:

At 30 novembro, 2004 21:11, Blogger Casino da ELSA said...

Temos Dr!!

 
At 04 novembro, 2005 06:07, Anonymous Anónimo said...

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