26 novembro 2004

ex(citação) III

"Assim me comovi sobre as páginas de Ibn Hazm, que define o amor como uma doença rebelde, cuja a cura reside si própria, de modo que quem esta doente não quer curar-se dela e quem esta enfermo não deseja melhorar ( e Deus sabe se não era verdade!). dei-me conta porque de manha era tão excitado por tudo o que via, porque parece que o amor entra através dos olhos, como também diz Basílio d`Ancira, e – sintoma inconfundível- quem esta atacado por um tal mal manifesta uma excessiva alegria, enquanto deseja ao mesmo tempo ficar á parte e privilegia a solidão ( como eu tinha feito naquela manha ), enquanto outros fenómenos que o acompanham são a inquietação violenta e o aturdimento que tolhe as palavras... assustei-me lendo que ao sincero amante, a quem se impede a vista do objecto amado, não pode senão sobreviver num estado de consumação que muitas vezes chega a obriga-lo a recolher ao leito, e por vezes o mal ataca o cérebro, perde-se o tino e delira-se....”

Humberto Eco in “O nome da rosa”

SaMy